Bruno de Carvalho quer voltar ao Sporting “enquanto sócio com plenos poderes”. Na primeira entrevista após ter sido absolvido no julgamento do caso de Alcochete, o antigo presidente leonino disse na TVI que gostava que os associados do clube verde e branco marcassem uma Assembleia Geral para discutir o seu regresso à condição que lhe foi retirada no ano passado também em reunião magna mas de uma outra forma. Ou seja, além de voltar a ser sócio quer que também contornar o problema que iria ser colocado em termos estatutários caso quisesse avançar com uma candidatura à liderança do Sporting e “saltar” os pelo menos cinco anos de filiação contínua.

Invasão a Alcochete. Ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho absolvido

“Acho que mexi em muitos interesses, apesar da atenção que podia ou não gostar que me dessem. A verdade é que há processos a ser julgados no futebol que partiram de acusações que fiz. O que aconteceu no Sporting só aconteceu porque era inocente, era impensável num clube como o FC Porto ou o Benfica acontecer isto. Como cidadão, fiquei horrorizado com o que aconteceu mas também fiquei com o que aconteceu em Guimarães três meses antes. A história do ‘É chato’ não é verdade, disse logo que era um crime hediondo…”, referiu na entrevista.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Fui expulso por causa de Alcochete, é lógico. Acho que os sportinguistas deviam pensar muito bem no que aconteceu e solicitar o regresso enquanto associado de plenos poderes. A primeira coisa de justiça era admitirem que Alcochete motivou isto. Voltar? Nunca escondi: acho que fiz um excelente trabalho e que é algo em que me sinto bom. O que faria de diferente? Foi tão grave o que se passou que qualquer análise sobre fazer o post ou não… O que é que aconteceu na minha Direção sem ser Alcochete? Nada… Sofri tudo na pele… Quando cheguei à Academia depois de terem feito aquilo na minha casa e à minha família, um jogador diz que eu fui culpado, o Presidente da República e o da Assembleia República a apontarem-me o dedo…”, lamentou de seguida.

Sobre o processo em si e a absolvição, Bruno de Carvalho referiu que, enquanto cidadão não foi feita justiça e admitiu mesmo poder colocar o Estado em Tribunal no seguimento de tudo o que se passou no último ano e meio.

“Naquilo que podemos chamar que é processo penal, diria que sim, foi feita justiça. No resto não porque isto não é o fim de nada, é o início de qualquer coisa. Foi um assassinato de carácter tão grande que não elimina tudo e não tem apenas a ver com o passado. Há muita gente na rua que acha que foi por falta de provas, que os poderosos nunca… Sinto que vai demorar a resolver e tem a ver com a acusação mas não só, porque foi tudo o que norteou este processo. As juízas tentaram ao máximo dizer as coisas como deve ser, que nunca foi uma questão de falta de provas…”, salientou, prosseguindo: “Não há o in dubio pro reo em Portugal, não é só para mim mas é para toda a gente. Esta nova procuradora tentou de tudo para defender a tese que vinha da acusação, as sessões foram quase todas sobre Bruno de Carvalho. Fui acusado quatro horas após sido libertado pelo juiz Carlos Delca”.

“Esta sentença era óbvia, mediante as alegações finais do Ministério Público e as alterações de facto, que ia haver uma absolvição. O que pensei de seguida? Pensei em ir abraçar a minha família porque não mereciam passar o que passaram só porque um dia quis ser presidente do Sporting. Agora começo a primeira fase de desconfinamento para recuperar a minha honra, o meu carácter. Pedir indemnização? Se achar que a minha imagem é de cinco milhões de euros, tenho de pagar 60 mil euros de custos…”, disse, não fechando a porta à possibilidade.