A assembleia-geral extraordinária da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) aprovou esta segunda-feira a proposta de venda da sociedade que gere o Hospital da Cruz Vermelha (HCVP) à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o que se deve concretizar “antes do verão”.
“O processo estará concluído muito seguramente antes do verão”, disse à Agência lusa o presidente da CVP, Francisco George. Segundo o responsável, a decisão foi aprovada pelo Conselho Supremo por maioria, sem votos contra e com quatro abstenções.
A decisão que aponta para a venda da sociedade de gestão do HCVP (mas não do Hospital), uma entidade que não detém património imobiliário e que é responsável pela condução da gestão e funcionamento do HCVP, decorreu da aprovação de um documento apresentado por Francisco George. A estrutura acionista da sociedade de gestão é composta em 54,97 pela CVP e 45% pela Parpública, havendo ainda 0,03% nas mãos de pequenos acionistas.
Num documento com o parecer do Conselho Supremo (composto por 40 elementos, incluindo representantes do Governo, delegados regionais da CVP e cinco personalidades) lembra-se que a sociedade de gestão do HCVP, nos últimos seis anos, totalizou em termos de resultados líquidos quatro milhões de euro negativos, que o passivo aumentou perto de 16 milhões e que o endividamento bancário aumentou 13 milhões. O pior ano foi o de 2019.
Também a Parpública queria vender a participação, tendo recentemente manifestado preocupação pela ausência de estratégia para o Hospital da Cruz Vermelha.
Parpública alerta para “total ausência de orientação estratégica” no Hospital da Cruz Vermelha
“Atendendo à degradação da situação económico-financeira da sociedade” tem sido discutida a estratégia a seguir e desde o verão passado que se coloca “a oportunidade de venda” das ações da CVP à Santa Casa da Misericórdia, refere o documento, no qual se diz também que para tal é necessário “não haver impacto negativo nas contas da CVP” e concretizar a venda “a preço justo”.
Foi para tanto acordado, segundo o documento, definir um valor real das ações com base em nova avaliação técnica, independente, a decorrer este mês.
A CVP alega para sair da gestão do HCVP a quebra de produção e aumento da concorrência (novos grupos de saúde), a necessidade de investimentos, o elevado nível de endividamento, e impacto dos resultados do HCVP nas contas da CVP.
O Conselho Supremo da CVP, ainda de acordo com o comunicado, “regista que a operação descrita não inclui a alienação do terreno e das suas edificações”, não se opõe à alienação do capital social, valoriza o facto de a venda ser ao setor social (Santa Casa), e pretende que o nome do HCVP se mantenha.