Dois modelos matemáticos e uma conclusão sobre o uso de máscaras: se todos as usassem, a pandemia poderia ser controlada e evitados segundos ou terceiros surtos de Covid-19. O famoso R (que indica o número médio de infeções gerado por alguém contagiado) poderia ser reduzido abaixo de 1, segundo um estudo publicado pela The Royal Society.

O trabalho assinado por cinco cientistas tem como título “Uma estrutura de modelagem para avaliar a provável eficácia das máscaras faciais em combinação com o confinamento na pandemia de COVID-19” e recorre a dois modelos um dos quais parte de uma situação em que o R é perto de 4 e mostram o que acontece caso a máscara seja usada o tempo todo e não apenas quando aparecem os primeiros sintomas da doença.

“A adoção do uso de máscaras faciais por 25% da população diminui o nível de infecção na população” e com “100% de adoção, a curva de progressão da doença é achatada significativamente e o número total de indivíduos infetados é reduzido” e o R fica abaixo de um. E isto mesmo que esta medida não seja combinada com bloqueios, ou seja, em situações como a que ocorre atualmente em Portugal, por exemplo, em que já aconteceu o levantamento do maior número de medidas de restrição.

O estudo classifica os resultados de “impressionantes” já que permitem ver que o uso de máscara traz benefícios não só para quem a usa como para para toda a população. “A redução da inalação das gotículas é de 50% em comparação com a ausência de máscara”, concluem. E os cientistas referem ainda que se o uso de máscara for combinado com medidas restritivas de confinamento isso “pode resultar numa forma aceitável de gerir a reabertura da atividade económica na pandemia da Covid-19″.

Um dos autores do estudo adverte, no entanto, que “é muito complicado fazer estudos científicos para medir diretamente a eficácia das máscaras”. Citado pelo El País, Richard Stutt diz que é possível verificar “a redução do material que é exalado por um infetado com ou sem máscara, mas já é mais difícil calcular o efeito que este tem sobre quem é suscetível de contágio”. A única forma de tirar isso a limpo, seria submetendo voluntários de forma deliberada ao vírus, o que não foi, evidentemente, feito.

Em Portugal, o uso obrigatório de máscaras em espaços fechados só foi decidido em maio, quando a Organização Mundial de Saúde deu indicações que isso trazia vantagens na proteção contra o novo coronavírus. O uso de máscara é obrigatório quando se permanece ou entra em espaços interiores fechados com várias pessoas, como por exemplo estabelecimentos comerciais, de prestação de serviços, estabelecimentos de ensino que estejam abertos ou quando se usam transportes públicos. Mas as primeiras medidas aconselhadas na prevenção do novo coronavírus vão no sentido de manter o distanciamento social, a higiene das mãos e a etiqueta respiratória. As máscaras são consideradas “proteção adicional”, pela DGS que recomenda que as população em geral use máscaras comunitárias e quem pertence ao grupo de risco use as cirúrgicas.

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