Dean Kamen sonhou e a obra nasceu na viragem no século – para, agora, morrer. No princípio, o que não faltava ao inventor da Segway era ambição. O meio de transporte inovador seria um triunfo de tal forma estrondoso que ficaria na história dos transportes como o carro ficou para o cavalo, garantia o empreendedor. Ruas e passeios das cidades estariam, a prazo, invadidas por estes biciclos movidos a energia elétrica. Mas a empresa detentora da atribulada marca anunciou o fim da produção.

A empresa Segway-Ninebot, como é conhecida hoje, anunciou que a última unidade vai ser produzida a 15 de julho. É uma decisão que justifica pela viabilidade económica, ou falta dela: apenas 1,5% da faturação da empresa fabricante foram obtidos com a venda de Segways.

“Conhecendo a nossa história, que se estende ao longo de décadas, sabemos que esta decisão poderá ser dececionante para os nossos leais apoiantes, particulares, que consideram que o Segway foi uma das criações mais inovadoras do início do século XXI”, afirmou a empresa, em comunicado.

O Segway foi um dos 13 flops escolhidos num trabalho do Observador sobre casos em que a inovação correu mal. Outros casos eram os de um “lança-chamas” contra o carjacking e a eau de toilette da Harley Davidson.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Quando a inovação corre mal. 13 dos maiores “flops” da História

O Segway chegou ao mercado em 2001 com a previsão de que a procura iria sustentar a produção anual de 110 mil exemplares. Nunca aconteceu. Pelo final da década, o mercado norte-americano contava com cem mil unidades vendidas, no total, e o acolhimento no resto do Mundo também ficou muito longe de cumprir as expectativas.

Nem o entusiasmo manifestado, no início, por estrelas da era digital como os fundadores da Apple, Steve Jobs, e da Amazon, Jeff Bezos, foram suficiente incentivo para levar os consumidores a aderirem ao invento que prometia uma revolução.

O veículo foi considerado “perigoso”. E o acidente que provocou a morte do milionário britânico que comprou a Segway em 2010 não ajudou a melhorar a fama do produto. Poucos meses após a aquisição, Jimi Heselden caiu numa ravina quando conduzia um destes veículos.

O ex-Presidente norte-americano George W. Bush também foi filmado a cair de Segway, bem como o atleta Usain Bolt, que foi “atropelado” por uma, em 2015.

O preço também mostrou ser um obstáculo. Quando foi lançado, o modelo mais barato custava cerca de três mil dólares e o topo de gama chegava aos sete mil. Pior: nalguns mercados, a regulamentação exigia uma licença de condução. Acabou por ser utilizada, maioritariamente, por seguranças de centro comercial, alguns serviços postais e empresas que organizam passeios turísticos.