O Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude Fazer a Festa, com início marcado para o dia 10 de julho na Maia, pretende ser “um grande observatório”, juntando aos espetáculos um debate sobre “os tempos atuais”, descreveu esta quarta-feira o diretor artístico.
A 39.ª edição do Fazer a Festa – evento com cinco espetáculos, exposições e debates organizado pela companhia Teatro Art’Imagem – esteve agendada para abril, mas foi adiada devido à pandemia da Covid-19, acontecendo agora, de 10 a 19 de julho, num formato diferente que privilegia o ar livre.
Este festival procura ser um grande observatório do que se faz para a infância e juventude em Portugal. Os nossos espetáculos são obras artísticas que tratam o teatro como arte e não como mero entretenimento. Não somos professores. Somos artistas. Não fazemos do teatro uma aula. As crianças vêm ao teatro para serem despertadas para as artes e falamos de todas as coisas que as crianças ouvem falar no mundo e não há temas tabus no teatro para a infância e juventude”, referiu o diretor artístico, José Leitão.
Em declarações à agência Lusa, o responsável e fundador de uma companhia que em 2021 completa quatro décadas de história, apontou que a Teatro Art’Imagem procura “fazer teatro também para os homens do futuro, mas principalmente para as crianças do presente”, considerando “impossível” ignorar o tema da ordem do dia, a pandemia.
“Por isso além dos espetáculos, teremos um grande debate sobre a situação atual. O que é que a Covid-19 anulou e o que fazer perante esta situação, o que se perdeu, o que se vai ganhar? Porque temos de ganhar. É assim que a humanidade vai vencendo as coisas. E o teatro acompanha a evolução da humanidade”, disse o diretor.
O Fazer a Festa vai decorrer nos jardins da Quinta da Caverneira, na Maia, concelho do distrito do Porto, para um público com idades acima dos 3 ou dos 6 anos conforme os espetáculos.
Logo no dia de abertura, 10 de julho, além do debate “Tempos Covid-19”, será prestada uma homenagem ao encenador João Luiz e à Pé de Vento, companhia que teve, até recentemente, um espaço próprio no Teatro da Vilarinha, no Porto.
“O João Luiz, encenador há mais de 40 anos, será homenageado com uma exposição sobre o seu trajeto presente nas janelas do Palacete da Quinta da Caverneira. É uma homenagem entre pares do teatro. A Pé de Vento é uma das companhias mais antigas em Portugal a fazer teatro para a infância e juventude”, explicou José Leitão.
Já no sábado, “Contos do Lápis Verde” é a peça que será levada a cena pela Pé de Vento e que parte de obras de “um autor consagrado [Álvaro Magalhães] de histórias para a infância e juventude”.
Para domingo, 12 de julho, está agendado o “O Rei Vai Nu” do Teatro Chão de Oliva, de Sintra, uma peça baseada em contos do escritor e poeta dinamarquês Christian Andersen.
A companhia anfitriã preparou, para a manhã de sábado, dia 18 de julho, “uma leitura viva e expressiva de contos” chamada “Histórias de Pássaros” que aborda as mitologias dos povos indignas e no mesmo dia, mas de tarde, a companhia de Leiria Te-Ato apresenta “O Fio da Linha do Horizonte”.
No domingo, dia 19 de julho, é a vez da companhia galega Elefante Elegante subir ao palco com “Lobo Bobo”, antes de ser lançado o terceiro número da revista Cadernos Fazer a Festa que faz a compilação das críticas aos espetáculos, bem como sumários dos debates da edição anterior deste festival.
“É uma jovem e premiada companhia galega muito promissora que não faz só teatro para a infância. Tem a particularidade de ser composta por um português que está na Galiza há muitos anos. Faz parte das nossas companhias cúmplices, aliás como todas porque este festival é feito com muita cumplicidade entre grupos que há muitos anos que trabalham esta área artística”, descreveu José Leitão.
Os espetáculos foram adaptados ao ar livre, o público tem de reservar lugar, estar sentado e respeitar as distâncias de segurança, regras que José Leitão frisou existirem para “plateia e atores” e que “estão de acordo com as recomendações da Direção-Geral da Saúde e do Município da Maia”.
“Os espetáculos têm distanciamento e não há contacto físico entre atores. Os jardins são muito agradáveis e esperemos que o tempo nos acompanhe”, disse o responsável da Teatro Art’Imagem, companhia que habitualmente estreia três produções por ano e que está também a preparar a organização do Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia em outubro.
O Fazer a Festa quer ser “um exemplo” no que diz respeito à segurança, razão pela qual existirão espaços de higienização de mãos e capacidade limitada a 40 ou 50 pessoas.
José Leitão apelida a versão deste ano de “festival de intimidade”, frisando que estes “não são espetáculos de rua”, porque “teatro de rua é diferente de teatro ao ar livre”.