A greve dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica dos Açores regista adesões que “rondam os 100%”, um protesto que decorre esta quarta-feira com concentrações em várias ilhas, contra “as injustiças e desigualdades”, revelou fonte sindical.
“Há adesões a rondar os 100%, nomeadamente nas ilhas do Faial, Pico, São Jorge, no Hospital da ilha Terceira, assim como em Santa Maria e Graciosa, ilhas mais pequenas, onde a paralisação também ronda os 100%. Em São Miguel sabemos que há também uma grande adesão, mas não temos nesta altura números concretos”, disse Carla Silva, dirigente na região do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde (STSS) das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica.
A greve foi convocada por uma frente sindical composta por quatro sindicatos, entre eles o STSS, o Sindite, um sindicato exclusivo da classe, o Sindicato dos Fisioterapeutas, e o Sintap (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos).
Os colegas uniram-se neste objetivo comum de mostrar ao Governo dos Açores o descontentamento por aquilo que está a ser feito aos profissionais desta classe”, sublinhou Carla Silva, em declarações à agência Lusa, garantindo que “os serviços mínimos estão a ser assegurados” na região.
A dirigente sindical frisou que, apesar dos números de adesão serem “muito elevados”, o objetivo destes profissionais são as concentrações em várias ilhas do arquipélago que vão decorrer esta manhã como “forma de mostrarem a sua revolta face à situação”, protestos que vão decorrer entre as 11h00 e as 13h00.
As concentrações estão programadas para as ilhas do Faial (em frente à Assembleia Legislativa Regional, com a presença do vice-presidente do STSS, Fernando Zorro), em São Jorge (em frente à representação da Assembleia Legislativa), na Terceira (junto à Secretaria Regional da Saúde), em São Miguel (em frente ao Palácio de Santana, presidência do Governo Regional) e em Santa Maria, perto da Unidade de Saúde da Ilha.
“Estamos do lado dos utentes do Serviço Regional de Saúde. Queremos mostrar quem somos como profissionais na área de diagnóstico e terapêutica, pois temos grandes grupos como a radiologia, as análises clínicas, a cardiopneumologia, as fisioterapias, entre outras. Mas, aquilo que o Governo Regional nos está a impor é uma transição feita de forma desigual” em relação a outras carreiras da função pública, sustentou a dirigente sindical.
O Sindicato sublinha que estes profissionais “querem ver as suas carreiras descongeladas na nova tabela salarial, independentemente do vínculo laboral, em vez de descongelarem na antiga tabela”.
Os Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica dos Açores defendem, por exemplo, que devem ser “reestruturadas as carreiras em três categorias” e exigem a alteração ao Decreto-Lei 25/2019, de 11 de fevereiro, para que este que contenha transições justas para os TSDT nas três categorias da carreira e uma grelha salarial equiparada a outras carreiras da Administração Pública, com o mesmo nível habilitacional e profissional”.
O STSS espera que nos Açores, à semelhança do que aconteceu na Madeira, o acordo possa ir além do que aconteceu no continente” e reivindicam “negociações para a revisão da carreira”.
De acordo com o sindicato, “em fevereiro”, em reunião com a secretária regional da Saúde dos Açores, Teresa Machado Luciano, “as estruturas sindicais representativas do setor procuraram encontrar soluções que vão ao encontro de uma maior equidade entre profissionais, tendo ficado aberta a possibilidade de negociação destas matérias”. Carla Silva disse ainda à Lusa que existem também assimetrias entre os hospitais e as unidades de saúde da região.
Nos hospitais açorianos (localizados em São Miguel, Terceira e Faial) “já foi aplicada a nova tabela salarial e nas unidades de saúde isto ainda não aconteceu”, apontou, acrescentando que “nos Açores os profissionais que estão em contrato individual de trabalho não são incluídos neste processo de transição da carreira”.
Nos Açores estão “a trabalhar na função pública cerca de 380 profissionais” técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, que estão atualmente “em oito” das nove ilhas do arquipélago, segundo o sindicato.