Não é propriamente a coisa mais comum mas o universo da Juventus também pode gravitar por outros planetas que não o de Ronaldo. E foi isso que aconteceu no início desta semana, com o Tuttosport a dar conta da renovação apalavrada da Vecchia Signora com Paulo Dybala até 2025, ficando com o segundo maior salário do plantel – cerca de dez milhões de euros por temporada – e uma missão muito bem definida: ser capitão e liderar a equipa no plano mediático numa era pós-Ronaldo que não deverá contar também com Buffon, Chiellini ou Bonucci (embora todos eles, trintões avançados além do guarda-redes já quarentão, parecerem ser eternos sempre que jogam).

28 golos em 28 jogos, 23 golos nas últimas 18 jornadas: Ronaldo é uma máquina a marcar como a Atalanta é a jogar futebol

“É um jogador importante, a sua vinda foi um investimento grande. Sempre acreditámos nele, por isso lhe demos a camisola número 10, uma importância simbólica. Sempre tivemos confiança nele, estamos seguros de que será o futuro da Juventus”, comentou Fabio Paratici, antigo jogador que é hoje CFO dos bianconeri. Sobre o futuro não há dúvidas, será o argentino e mais dez. Sobre o presente também não e Dybala entra nos dez que acompanham Ronaldo em qualquer jogo. “Vai ficar muitos anos na Juventus, foi ele que permitiu que o clube desse um salto de qualidade”, salientou em entrevista à Marca o antigo treinador Massimilano Allegri, passando assim ao lado das notícias sobretudo durante a pandemia que davam conta da possibilidade de saída do avançado não só por questões orçamentais mas também pela vontade de ter outros argumentos para lutar pela Champions.

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Os números explicam também essa garantia: em 28 jogos na Serie A na presente temporada, o capitão da Seleção Nacional levava 28 golos. E o Sassuolo acabou por ser o clique para essa crescimento na competição, depois do momento menos conseguido da temporada que teve pelo meio uma substituição muito falada no início da segunda parte da receção ao AC Milan (que Sarri justificou com questões físicas, tendo em conta as limitações no joelho que o português tinha na altura). Daí para cá, e em 18 jornadas, marcou 23 golos, falhando apenas no jogo com o Inter em que se ficou por uma assistência. No entanto, e à semelhança do que tinha acontecido na ronda anterior, esta seria uma partida que trazia tudo menos facilidades, tendo em conta não só as quatro vitórias seguidas mas também a forma como se superiorizou de forma clara à Lazio apesar de ter ganho apenas nos descontos.

“Nós encontrámos a nossa identidade e não vamos mudar tendo em conta o adversário. A Juventus lidera mas temos de manter a nossa filosofia e tentar fazer o melhor. É preciso evitar os erros, porque se perdemos a bola para Cristiano Ronaldo ou Paulo Dybala não será o mesmo que ficar nos pés de um jogador de meia tabela”, assumiu o treinador do Sassuolo, Roberto De Zerbi. “O Campeonato ainda não acabou. Temos de lutar e sofrer. Vamos ter sorte se conseguirmos chegar a 11 pontos nos próximos seis jogos. Acho que ninguém consegue pensar que está tudo fechado porque no futebol não existem resultados óbvios”, comentou Maurizio Sarri, técnico da Juve. De facto, Sarri tem falhado em muitas coisas em Turim, da gestão dos jogadores às escolhas iniciais (assim como tem acertado noutras, a vida de treinador é mesmo assim). Aqui acertou e em cheio – no futebol há tudo menos resultados óbvios. E a evolução do Sassuolo-Juventus, onde mais uma vez os visitantes revelaram demasiados problemas em termos defensivos quando apanham uma equipa mais veloz e com capacidade nas transições como já tinha acontecido na jornada anterior com a Atalanta, provou isso mesmo (3-3).

O Sassuolo até começou melhor, com mais dinâmica ofensiva muito semelhante ao que aconteceu sobretudo na segunda parte com a Lazio, mas foi a Juventus a colocar-se em vantagem com dois golos no primeiro quarto de hora por Danilo, na sequência de um canto marcado para fora da área com remate forte do antigo lateral brasileiro do FC Porto (5′), e Higuaín, lançado em profundidade por um grande passe de Pjanic (12′). Ainda antes do intervalo, e já depois de outras oportunidades, Djuricic, ex-médio do Benfica, conseguiu reduzir e dar outro ânimo aos visitados que mostravam mais futebol do que aquele que estava expresso no resultado então.

Depois, no reatamento, o encontro entrou na loucura total: já depois de uma boa oportunidade de Ronaldo para fazer o 3-1, Berardi abriu o livro, fez o empate de livre direto (51′) e assistiu Caputo para a reviravolta (55′) perante o olhar atónito dos defesas da Juventus e de Maurizio Sarri, que parecia não perceber como tinha sido possível em dez minutos passar da vantagem para desvantagem. Consigli ainda evitou depois mais uma vez o golo a Ronaldo mas o empate apareceria mesmo na sequência de mais um canto e com mais um lateral brasileiro ex-FC Porto a fazer a diferença ao segundo poste: Alex Sandro (64′). Voltava tudo à estaca zero, ou três, com oportunidades e lances de perigo repartidos nas duas áreas como reflexo de um jogo partido mas intenso, vivo e que, terminando com seis golos, teve muitas mais oportunidades que podiam aumentar o resultado final.

Uma volta depois, Ronaldo não marcou pela segunda vez e adiou mais um registo histórico que está para breve: tornar-se o primeiro jogador na história a marcar pelo menos 50 golos na Premier League, na Liga e na Serie A, tendo ainda mais oito jogos para superar um outro registo: ser o mais rápido a chegar a essa marca no Campeonato transalpino, superando Shevchenko (que demorou 69 encontros) e Ronaldo Fenómeno (70). No entanto, a Juventus vai precisar de mais golos do português porque, perante os últimos dois jogos, a cinco partidas do final do Campeonato e com a Atalanta apenas a sete pontos, as contas de mais um título ainda não estão fechadas.