A taxa de remuneração dos depósitos a prazo simples voltou a diminuir em 2019 “e de forma mais acentuada do que no ano anterior”, segundo o Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho de 2019 divulgado esta quinta-feira.
No ano passado, “a oferta de depósitos a prazo simples diminuiu”, referiu o Banco de Portugal (BdP), no relatório. No final de 2019, “as instituições analisadas comercializavam 273 depósitos a prazo simples nos prazos mais representativos, menos 34 do que em 2019”, adianta. “À semelhança do ano anterior, cerca de um quinto era comercializado exclusivamente através de canais digitais”, acrescenta o BdP.
De acordo com o relatório de acompanhamento dos mercados bancários de retalho, “de entre os 181 depósitos a prazo simples destinados ao público em geral, a maioria tinha prazo inferior a um ano (80,6%), exigia montantes mínimos de constituição iguais ou inferiores a 500 euros (66,4%), permitia a mobilização antecipada dos fundos (91,7%) e pagava juros apenas no vencimento (77,4%)”.
Seguindo a tendência que se regista desde 2012, “as taxas de remuneração dos depósitos a prazo simples para o público em geral diminuíram, entre 2018 e 2019, em todos os prazos analisados”. No que respeita ao mercado de depósitos estruturados, o relatório aponta que pelo quarto ano consecutivo este contraiu-se, “com a procura a reduzir-se para menos de metade da observada em 2018”.
No ano passado, “a oferta de depósitos estruturados diminuiu 9,9%”, sendo que “a procura também decresceu e de forma mais acentuada: ao longo do ano, 35.002 depositantes aplicaram um total de 783,3 milhões de euros nestes depósitos, menos 40.247 depositantes e menos cerca de 948 milhões de euros do que em 2018”.
O BdP adiantou que no final de 2019 “estavam aplicados em depósitos estruturados 2.789,5 milhões de euros, menos 49% do que no ano anterior”. O peso dos depósitos estruturados no montante total aplicado pelos particulares em depósitos a prazo “voltou a diminuir, de 6,1% em 2018 para 3,2%”.
“Todos os depósitos estruturados comercializados em 2019 tinham remuneração associada a indexantes do mercado acionista”, refere.
Relativamente ao crédito à habitação, este cresceu “embora de forma menos expressiva do que nos quatro anos anteriores”. Já o montante de novo crédito à habitação “ultrapassou, pela primeira vez, o valor alcançado em 2010”. De acordo com o relatório, no ano passado foram celebrados, em média, “7.678 contratos de crédito à habitação por mês, no valor global de 859,4 milhões de euros”.
O número de contratos celebrados e o montante de crédito concedido cresceram, respetivamente, 4,5% e 7,8% em relação a 2018, lê-se no documento. “Em 31 de dezembro de 2019, existiam 1,45 milhões de contratos de crédito à habitação em carteira, menos 0,2% do que em 2018, aos quais correspondia um saldo em dívida de 87,5 mil milhões de euros, 1,9% acima do registado em 2018”, adianta.
O montante médio dos novos contratos aumentou de 108.531 euros, em 2018, para 111.920 euros, no ano passado.
O número de renegociações no crédito à habitação e o respetivo montante renegociado “cresceram de forma expressiva em 2019, respetivamente 25,8% e 36,4%”. O Banco de Portugal refere que, “na generalidade dos contratos renegociados, os mutuantes não se encontravam em situação de incumprimento”.
Sobre o crédito aos consumidores, este continuou a subir em 2019, mas menos acentuadamente. “O crédito pessoal e o crédito ‘revolving’ aumentaram, enquanto o crédito automóvel diminuiu pela primeira vez em seis anos”, segundo documento.
O BdP refere que “o crescimento do crédito aos consumidores foi interrompido a partir da segunda quinzena de março de 2020, no contexto da pandemia de Covid-19”.
Em média foram celebrados, em 2019, “133.264 contratos de crédito aos consumidores por mês, correspondentes a 632,8 milhões de euros, respetivamente mais 3,6% e mais 3,2% do que em 2018”. O crescimento no mercado de crédito aos consumidores em 2019 “foi impulsionado pelo crédito pessoal e pelo crédito ‘revolving’, que apresentaram crescimentos no montante de crédito concedido de, respetivamente, 10,3% e 3,9% em relação a 2018, que mais do que compensaram a redução de 4,1% verificada no crédito automóvel”.