Rogério Alves, presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, vai receber esta sexta-feira de manhã, em Alvalade, um grupo de sócios onde se incluem o ex-candidato Fernando Tavares Pereira, Vitalino Canas e Coutinho Duarte. Em causa está a revisão estatutária que está a ser desenvolvida nesta fase pelo clube e um ponto muito em específico: a introdução de uma segunda volta para que o líder eleito tenha sempre uma maioria absoluta de sócios a votar na sua lista, ao contrário do que aconteceu por exemplo no último sufrágio, em setembro de 2018.

Sporting cria grupo para estudar introdução do sistema de I-Voting

“Não ignorando que a união não se faz apenas através de mecanismos institucionais e estatutários, requerendo diálogo construtivo e convívio saudável entre todos os sportinguistas, constitui, todavia, nossa responsabilidade criar mecanismos institucionais e estatutários que concorram para a concertação, para entendimentos entre ‘sensibilidades’ e personalidades, para a unificação de projetos e programas, em suma, para a união de sportinguistas em torno da valor fundamental que é o Sporting”, defende o grupo de associados.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com o que o Observador apurou, a ideia passa por haver já a possibilidade de existir esta discussão na próxima Assembleia Geral, que não tem ainda data depois do adiamento da reunião magna que deveria ter acontecido até 30 de junho conforme os estatutos, por causa da pandemia, que devia entre outros pontos discutir e aprovar o Orçamento do clube para a temporada de 2020/21 (ou seja, tudo o que não tenha a ver com futebol).

O grupo de associados vai mesmo levar a Rogério Alves uma proposta de alteração devidamente fundamentada em termos jurídicos em relação aos estatutos agora em vigor, aprovados em Assembleia Geral realizada no agora Altice Arena em julho de 2011 e mudados de forma parcial sete vezes desde esse momento (abril de 2012, junho e outubro de 2013, junho e outubro de 2014, setembro de 2015 e fevereiro de 2018). A explicação é simples: de acordo com a análise feita, o artigo 43.º número 2 defende que a regra geral sobre as deliberações em Assembleia Geral é a da adoção por maioria absoluta de votos dos associados presentes, ao passo que o artigo 49.º número 1 fala depois em maioria simples para a eleições dos órgãos sociais, incluindo o Conselho Diretivo e o presidente.

Um dia com Tavares Pereira: das laranjadas na feira ao sucesso empresarial, o retrato de um self-made man

“Esta regra e sistema de eleição permitem que, em situações de polarização e de numerosas candidaturas, como já ocorreu mais do que uma vez, possam ser eleitas listas candidatas aos órgãos sociais com uma percentagem diminuta de votos ou, pelo menos, com votação abaixo da maioria absoluta dos votos. Embora isso não obste à legitimidade democrática de quem é eleito, o que é certo é que muito provavelmente prolongará para além do ato eleitoral a perceção de que os eleitos não representam a maioria dos sócios do Sporting, com todas as dificuldades de afirmação e de gestão dos superiores interesses do clube que isso pode implicar”, defendem.

De recordar que, segundo um comunicado emitido pelo Sporting no início de julho e tendo como contexto o 114.º aniversário do clube, o Conselho Diretivo nomeou um grupo de trabalho presidido pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral que deveria apresentar até 31 de julho “um projeto de reforma estatutária destinado a prever a introdução do sistema de i-voting. “O i-voting permitirá uma muito mais ampla e regular participação dos sócios na vida do clube, uma vez que que possibilitará o voto ‘quando quiser e onde estiver’ – o grande objetivo da reforma proposta. Como sempre acontece no Sporting, caberá aos sócios deliberarem e terem a palavra final sobre o que vier a ser proposto”, resumiu a formação leonina, com uma data que termina esta sexta-feira.

Frederico Varandas com mais votos, João Benedito com mais votantes: os resultados das eleições do Sporting

Fazem parte desse grupo de trabalho os cinco elementos que integram a Mesa da Assembleia Geral, Rogério Alves (presidente), João Palma (vice-presidente) e José Tomé de Carvalho, Pedro Almeida Cabral e José Costa Pinto (secretários), além de mais quatro elementos do Conselho Diretivo: João Sampaio, vice e administrador da SAD, André Bernardo, vogal e administrador da SAD, Miguel Nogueira Leite e Alexandre Ferreira (vogais).