No verão, todos os caminhos vão dar aos mesmos sítios. A pensar nisso, e em si, fomos descobrir quatro tesouros naturais de Norte a Sul do país, para desconfinar em segurança e com a tranquilidade necessária. Estamos todos a precisar do mesmo: viver os pequenos prazeres da vida. Antes que o mundo as descubra, aproveite a boleia e explore estas quatro cascatas naturais.
Pego das Pias
Não há como prepará-lo para isto. Não foram ainda inventadas palavras para descrever a chegada a este sítio, mas vamos tentar. Escondido no coração do Alentejo, entre Odemira e a vila de São Luís, o Pego das Pias é um segredo bem guardado. 200 metros após passar a ponte sobre a ribeira do Torgal, é através de um caminho de terra batida que a aventura começa. O percurso não tem muito que enganar: daí, poderá seguir a pé até à praia fluvial, caminhando sempre em frente, durante cerca de dois quilómetros e, a certo momento, quando começar a ouvir o som tranquilizante da água, continue um pouco mais. Muitas pessoas optam por fazer o percurso de carro, mas, à semelhança de outras estradas que nos levam até sítios intocáveis, esta também não está em ótimas condições. Mas por esta altura, já deve ter percebido que o caminho não foi em vão.
Já está a sorrir por dentro, apostamos. O Pego das Pias estava mesmo a pedi-las, certo?
Os amigos estão consigo e a hora pede para aproveitar o momento, mergulhar nas águas frescas da ribeira do Torgal, nadar nas piscinas naturais, colocar o barco ou a canoa que trouxe consigo nas águas e fazer-se à aventura, e nada melhor do que uma bebida refrescante para a tarde que aí vem. Fique a saber que a corrente não se sente muito e que é possível aventurar-se entre as formações rochosas, como um Indiana Jones (procure os esconderijos no maciço rochoso, provocados pela erosão da água, e as várias lianas ao longo das margens). O sítio é ideal para relaxar e aproveitar bons momentos longe dos roteiros turísticos. Leve petiscos e snacks, visto que não existem restaurantes ou cafés neste espaço.
Não é todos os dias que reúne as pessoas de quem mais gosta e, por isso, a hora é de brindar e pedir mais disto.
Queda do Vigário
Antes que o mundo a descubra, conheça também a Queda do Vigário: esta é uma paragem obrigatória na freguesia de Alte, no concelho de Loulé. Também conhecida como cascata de Alte, a água deste tesouro natural, com 24 metros de altura, cai num grande lago de águas claras, rodeado de vegetação e rochas de tons alaranjados, como um postal que mostra a natureza no seu estado mais puro.
Feitas as apresentações, estamos prontos para começar a viagem: ora, este é um dos segredos mais bonitos do nosso país, ideal para desconfinar em segurança. Em boa verdade, não é preciso ir para fora, para longe, quando temos tudo mesmo aqui ao lado. Escreva o nome à mão, na sua lista de sítios a conhecer, faça-o como antigamente. Depois de tantos meses confinados, estamos todos a pedir o mesmo este verão: a oportunidade de viver novamente os pequenos prazeres da vida. Apesar de não existirem espaços de restauração, junto à cascata existe um relvado que serve de zona de lazer aos banhistas. Aproveite para descansar dos mergulhos ou até fazer um piquenique com os amigos.
Estacione o carro junto ao cemitério e faça-se ao caminho através de uma descida de 300 metros muito íngreme. Sol quente na pele e uma mini estavam mesmo a pedi-las depois de um dia em cheio, não é? Certifique-se só que não deixa as bebidas no carro. Imagine o que seria ter de voltar lá acima…
Cascata de Fervença
Bom, não diga que fomos nós a contar-lhe, mas não é todos os dias que encontramos um sítio destes. A viagem prossegue por novas coordenadas, rumo a outro local secreto. Ora, este sítio está mesmo a pedir grandes aventuras entre amigos, aquelas que dão boas histórias para alimentar os jantares o resto do ano, e também um trago de cerveja bem gelada, na pausa da conversa. A 30 minutos de Lisboa está localizada a Cascata de Fervença, a maior e mais bonita do concelho de Sintra. Pouco conhecida e escondida dos olhares turísticos, esta imponente queda de água, que cai sobre a rocha da serra numa altura de cerca de 20 metros, atrai curiosos que querem explorar locais fora dos roteiros mais populares. Perdida na freguesia de Fervença, e conhecida também por Cascata da Bajouca, este tesouro natural está abraçado por uma paisagem encantadora muito verde, riachos e trilhos sinuosos. Tire o pó da máquina fotográfica e registe os melhores momentos.
No cruzamento para a Terrugem, muito perto do restaurante Retiro do Baião, existe uma seta a indicar o caminho para a cascata, que fica a 200 metros desse local. O Verão está a pedi-las. E a Cascata de Fervença também.
Cascata Fraga da Pena
Eles vêm para cá, eles dizem coisas bonitas, eles vêem com novos olhos o que para nós já é história. Ouvimos os estrangeiros dizer que vivemos no melhor país do mundo, bora acreditar? Agora, e porque este é o ano de viajar cá dentro, vamos fazer a nossa parte? A Cascata Fraga da Pena, localizada em plena área protegida da Serra do Açor e a 15 minutos da aldeia de Pardieiros, deslumbra pelo cenário místico. Este refúgio natural, provocado por um acidente geológico, é o local ideal para desfrutar de um dia longe da cidade. O desnível da cascata chega a atingir os 20 metros de altura, e a água precipita-se em várias piscinas naturais sucessivas, ladeadas por pedra, especialmente xisto. Caminhe na área envolvente e atravesse as pontes, enquanto admira este cenário idílico,
A água pode ser muito fria, por isso, se não se sente com coragem para mergulhos, estenda a toalha nas grandes pedras junto à margem, e desfrute da tranquilidade deste local secreto. Bom, se ainda assim tem vontade de experimentar a temperatura da água, arrisque, e quando regressar a terra envolva-se na toalha. Depois de tanto esforço, uma Sagres fresquinha estava mesmo a pedi-las, não era? Se se esqueceu de música, não tem problema. Não existe melhor cantiga que o chilrear dos pássaros, garantimos.
Neste verão, é necessário levar os amigos por caminhos pouco conhecidos, praticar o espanto, criar novas histórias. Acredite em nós: Portugal está mesmo a pedi-las. Agora é connosco.