Poucas belezas se imortalizaram tão rapidamente como a de Claudia Schiffer, a jovem alemã cujo nome começou a ecoar ainda no final dos anos 80. Das cadeiras do liceu, deu o salto para Paris onde a esperava uma das carreiras mais bem sucedidas da indústria. Ao lado de Cindy Crawford, Naomi Campbell, Linda Evangelista e Christy Turlington cunhou o ideal de supermodelo, assente não apenas num corpo escultural, mas também num brilho e carisma que fez este esquadrão correr o mundo.

Aos 50 anos, celebrados a 25 de agosto, Schiffer permanece indestronável. É recordista no que toca a capas de revista — para lá de um milhar — e dona de uma fortuna que ronda os 60 milhões de euros. Foi em outubro de 1987 que os longos cabelos loiros e os olhos azuis chamaram a atenção de Michel Levaton, presidente da Metropolitan Models, numa discoteca de Düsseldorf. Os planos de se juntar ao escritório de advogados do pais ficaria pelo caminho. Com apenas 17 anos, ingressava na agência com sede em Paris, a mesma cidade para onde voou assim que concluiu o ensino secundário.

Claudia Schiffer et Karl Lagerfeld à Paris en 1993

Claudia e Karl nos bastidores de um desfile da Chanel, em outubro de 1993 © ARNAL/GARCIA/Gamma-Rapho via Getty Images

Embora tenha começado pela capital mais vibrante da indústria, foi a partir do outro lado do Atlântico que Schiffer viu a sua imagem ser catapultada para o estrelato. Em 1989, a campanha da Guess apresentou-a ao mundo. Fotografada por Ellen von Unwerth, personificava a rapariga americana com quem todos fantasiavam, ao mesmo tempo que exibia as sérias parecenças com Brigitte Bardot.

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Pouco tempo depois, a sua imagem já se tinha tornado num ícone. Na década de 90, atingiu o auge da carreira ao tornar-se o rosto da Chanel. Coqueluche de Karl Lagerfeld, depressa o mundo da moda de habituou a ver Claudia abrir e fechar os desfiles de alta-costura da maison. Dentro da indústria, desenvolveu muitas outras afinidades — Gianni Versace, o criador sensação da década, Yves Saint Laurent, Gianfranco Ferré, que assumiu a direção criativa da Christian Dior entre 1989 e 1996, Valentino Garavani, Thierry Mugler e Oscar de la Renta.

“Em comparação com as outras raparigas, eu era bastante estranha porque não falava com ninguém quando estava em estúdio. Provavelmente, achavam todos que eu era muito arrogante… isso também era visto como frieza, as pessoas assumiam que não estava interessada, que não queria comunicar”, revelou à edição britânica da revista Elle no início do ano.

O mesmo pensamento racional sempre a fez evitar jantares e after parties e até abdicar da participação do mítico videoclipe do tema “Freedom! ’90”, de George Michael. “Estava a trabalhar com uma série de marcas de luxo e pensei: ‘Não encaixa muito bem na estratégia deste momento’. Foi estúpido”, admitiu na mesma entrevista.

Live 8 Edinburgh - Stage

Em julho de 2005 com o marido, em Edimburgo © Dave Hogan/Getty Images

Dentro e fora da moda, construiu uma das carreiras mais lucrativas de todos os tempos. Em 1995, quando esteve no Porto para abrilhantar a primeira edição do Portugal Fashion, foi a mais bem paga numa comitiva de luxo da qual faziam parte Elle Macpherson, Carla Bruni e Helena Christensen — 15.000 contos por um desfile. Manteve, durante anos, um contrato milionário com a L’Óreal e, no final dos anos 90, o famoso anúncio ao Citroën Xsara ter-lhe-á rendido cerca de três milhões.

Na esfera romântica, Schiffer raramente alimentou especulações por parte da opinião pública. Durante cinco anos, namorou com David Copperfield, 14 anos mais velho. Os dois ter-se-ão conhecido em 1993, num espetáculo, durante o qual o ilusionista convidou a manequim a subir ao palco. A relação terminou em 1999, com Schiffer a conhecer o empresário Tim Jefferies nesse mesmo ano. Apesar de curto, o namoro foi pautado por várias aparições públicas. Em 2002, casa com o produtor britânico Matthew Vaughn com quem tem três filhos — Caspar, Clementine e Cosima.

Hoje, Claudia vive entre Oxfordshire, a uma hora e meia de Londres, e Suffolk, a noroeste da capital britânica. A vida familiar é mantida na esfera da intimidade. Os filhos, entre os 17 e os dez anos, requerem atenção, mas também os projetos profissionais fora da moda. Retirada das passerelles (exceção aberta em setembro de 2017 para homenagear Gianni Versace num desfile em Milão), tem estado dedicada ao cinema.

Claudia Schiffer na capa da Vogue Italia em agosto do ano passado © Vogue Italia

No grande ecrã, os pequenos papéis nunca fizeram sombra ao sucesso como manequim, mas nos últimos tempos o nome de Schiffer tem figurado discretamente nas fichas técnicas de filmes como “Kingsman” e “Rocketman”, como produtora executiva. Na moda, agora enquanto criadora, dá pequenos passos sob a forma de coleções e edições limitdas — a última foi feita em colaboração com a marca Être Cécile. No início do ano, o Grupo Visabeira revelou a coleção desenhada pela ex-manequim para as marcas Vista Alegre e Bordallo Pinheiro. As peças chegam às lojas na segunda quinzena de setembro.

Sobre a passagem do tempo, Claudia Schiffer acusa a serenidade própria experiência, mas também os inquestionáveis benefícios genéticos. Não foi por acaso que, em 2012, para assinalar os 30 anos da marca, a Guess voltou a escolher a supermodelo para protagonista de uma campanha — o resultado roça o “descubra as diferenças”.

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“Recebi elogios maravilhosos, mas entrei noutra fase a segui em frente. Não preciso de passar a vida inteira a ouvir que sou bonita. É uma boa memória, mas entretanto chega uma nova geração e o meu turno acaba. Para mim, é natural”, admitiu na entrevista dada recentemente à Elle. “E se me dissessem que existe um comprimido mágico que me faria ter 20 anos outra vez? Na verdade, não consigo pensar em nada pior”.

São 50 anos de vida para Claudia Schiffer e mais de 30 de carreira. Na fotogaleria, veja a evolução da manequim alemã.