O BE defende que a auditoria ao Novo Banco está “ferida de morte” e não garante “seriedade, rigor e independência” devido ao “conflito de interesses” da Deloitte, apelando ao Presidente da República e ao Governo que a considerem nula.
“Nós convocamos ontem [quinta-feira] esta conferência de imprensa porque tivemos conhecimento, através de uma denúncia, de um facto que, entretanto, confirmamos por uma notícia antiga da agência Reuters de 2017 e que hoje surge na comunicação social”, explicou a deputada do BE, Mariana Mortágua.
Em causa está o facto de a auditoria especial feita pela Deloitte não referir que a Deloitte Espanha assessorou o Novo Banco na venda da GNB Vida, concluída em 2019 — noticiado hoje pelo Jornal Económico – aquilo que a bloquista aponta como sendo um “conflito de interesses” da consultora. A publicação adianta que a Deloitte Espanha e a Deloitte Portugal são entidades independentes do ponto de vista jurídico, mas fazem parte da mesma rede do grupo. A Deloitte trabalha como auditora e consultora de negócios, mas as duas atividades operam em tese de forma independente.
Esta quarta-feira, em conferência de imprensa, o presidente executivo do Novo Banco sublinhou que a instituição era tão escrutinada que já tinha esgotado todas as grandes auditorias, a EY, a PwC, a Deloitte e a KPMG que era a auditoria do Banco Espírito Santo quando foi feita a resolução em 2014.
O BE, de acordo com Mariana Mortágua, “já tirou as suas conclusões”, considerando ser claro que “esta auditoria não garante seriedade, rigor, independência nem a defesa do interesse público” e está “ferida de morte”, pedindo ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao Governo que “também tirem as suas conclusões sobre esta auditoria”.
“Da mesma forma que foi entendido pelo Presidente da República e pelo Governo que esta auditoria era importante para analisar as próximas injeções de fundos no Novo Banco é preciso agora considerar nula a auditoria e nulos os seus resultados uma vez que ela não só acaba por validar as operações do Novo Banco como sabemos que ela não garante a independência necessária”, apelou.