A Dacia, o construtor romeno do grupo Renault, vai estrear no início de 2021 uma nova geração do seu utilitário Sandero, bem como da versão “crossover” Sandero Stepway, exactamente os modelos mais importantes da marca no que diz respeito às vendas. Um dos argumentos mais importantes é o preço acessível, que na actual geração arranca nos 8.500€ (12.000€ para o Stepway), valor que na próxima geração deverá subir “umas centenas de euros” devido às novas exigências da homologação europeia antipoluição.

O Sandero é um best-seller, sendo este o modelo mais vendido a clientes particulares na Europa desde 2017, para o que contribui necessariamente o facto de, por um lado estar disponível em duas variantes de carroçaria, e, por outro, qualquer uma delas figurar entre os melhores produtos do mercado na relação custo/benefício. De acordo com a marca, desde 2004 que o citadino e a sua declinação aventureira, o Stepway, representam no acumulado 32% das vendas do fabricante romeno do Grupo Renault, com os clientes a revelarem particular apetência pela versão Stepway, cujos 1,3 milhões de unidades representam o grosso (65%) da procura.

Ora, agora que foi revelada a terceira geração, tudo indica que o êxito comercial destas propostas, mais do que ser mantido, tem argumentos suficientes para “descolar” nas vendas. Sobretudo, se vier a confirmar-se a promessa de continuarem a respeitar o ADN da marca, posicionando-se como “veículos essenciais a um preço justo”, nas palavras do director de Marketing Mihai Bordeanu.

Para os que são fãs de propostas racionais, passamos em revista tudo o que muda nesta nova geração do Sandero.

Design longe do desenxabido. Estética dá salto em frente

Assente na nova plataforma CMF, Sandero e Sandero Stepway mantêm praticamente as mesmas medidas, excepção feita para o facto de o comprimento ter aumentado 2 cm (4,09 m). O Stepway mede mais 11 mm, mas isso deve-se apenas ao facto de montar um para-choques frontal mais volumoso, justamente para lhe conferir o carácter mais robusto que esta versão persegue. A mesma explicação para a altura ao solo, de 17,3 cm no Stepway, isto é, mais 4,1 cm do que no Sandero convencional.

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Com vias mais largas e um pára-brisas mais inclinado, qualquer uma das duas carroçarias tem uma imagem mais atraente, para o que muito contribuem o tejadilho mais baixo (1 cm) e com uma linha mais recuada, bem como os grupos ópticos, favorecendo a modernidade da estética por via da nova assinatura luminosa em LED, com a forma de “Y”.

Com qualquer uma das versões a poder montar jantes de 15 ou de 16 polegadas, o Sandero Stepway é, na nossa opinião, a carroçaria que mais beneficia da evolução estilística desta nova geração, reforçando o apelo crossover. Para tal concorre o capot mais curvo e com nervuras, mas também o enfoque naquilo que, tradicionalmente, distingue os modelos que querem dar um ar de SUV. Neste caso específico, esse exercício faz-se por via dos pára-choques com um resguardo em cor de metal, a que se juntam os alargadores das cavas de rodas e as embaladeiras reforçadas com uma textura específica. As barras de tejadilho dão o toque final e, talvez, o mais interessante, na medida em que estreiam uma solução modular que promete ser tão prática quanto simples. Quase desconcertantemente simples: basta ir ao porta-luvas buscar uma chave que está lá guardada para, sem grandes complicações, converter as tradicionais barras longitudinais em barras transversais, o que proporciona uma maior versatilidade ao tipo de carga que se pode transportar no tejadilho. Segundo a Dacia, o limite de peso está fixado nos 80 kg.

Maior qualidade percebida no interior

Propor um utilitário capaz de transportar cinco adultos, com uma boa mala, por cerca de 9000€ é uma tarefa que obriga a concessões. Não se podem esperar milagres, em termos de materiais, pelo que o recurso a plásticos duros não só é normal como é expectável. O Sandero continua a alinhar por esse princípio, mas a concepção mais “simplificada” do habitáculo resulta numa melhoria da experiência a bordo.

Materiais, acabamentos e montagem dão um salto qualitativo, com maiores preocupações em transmitir uma imagem sólida e em integrar novos equipamentos, o que só por si transmite uma sensação de upgrade. Depois, a habitabilidade foi reforçada. Afirma a Dacia que quem mais beneficia disso são os ocupantes dos lugares traseiros, pois o espaço longitudinal para as pernas foi incrementado em 4,2 cm. Mas o condutor também não foi esquecido e a prova disso é que agora pode ajustar o banco em altura e o volante em altura e em profundidade, tendo à mão uma alavanca de velocidades mais curta.

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Quanto à bagageira, tem uma capacidade de 328 litros, isto é, mais 8 do que na geração que vem substituir. E, tal como acontece no novo Logan, também aqui facilita o facto de poder ser destrancada e aberta à distância. No interior, aumenta em 2,5 litros a capacidade de arrumar objectos, acomodando agora um total de 21 litros.

Dotação tecnológica incompatível com o rótulo do “baratinho”

Este ponto deverá ser particularmente valorizado pelos clientes, que apreciarão com certeza o facto de terem mais tecnologia e equipamento ao seu dispor, sem que isso seja sinónimo de “gastar uma fortuna”. Se o incremento dos preços, que ainda não foram anunciados, ficar baixo dos 10%, os novos Sandero podem afirmar-se como uma das propostas mais competitivas e completas. Isto porque esta nova geração inclui soluções “inusitadas” num Dacia.

Soluções de infoentretenimento há três, contando a melhor com ecrã táctil de 8 polegadas, navegação integrada e conectividade sem fios para Apple CarPlay e Android Auto, enquanto a mais básica oferece um suporte para smartphone, convertendo-o num sistema multimédia independente, graças à nova app Dacia Media Control e a uma ligação Bluetooth ou por USB.

Em matéria comodidade, o destaque vai para a direcção que passa a ser assistida electricamente e não hidraulicamente como acontecia até agora, o que resultará, de acordo com a Dacia, em 36% menos esforço nas manobras mais exigentes ou a estacionar.

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No capítulo da segurança, os novos Sandero e Logan, tal como o Clio e o Captur, contam de série com seis airbags, comandos do regulador e do limitador de velocidade no volante e activação automática dos faróis. O ar condicionado automático com indicação digital, o cartão mãos livres com botão para abertura à distância da bagageira, o travão de estacionamento eléctrico, a câmara de marcha-atrás, o sistema de ajuda ao estacionamento e a activação automática dos limpa-vidros são itens disponíveis de série consoante os níveis de equipamento, ou então estão disponíveis como opcionais.

Motores: adeus gasóleo

Com esta nova geração, a Dacia despede-se das alternativas diesel na gama de motores. Tal como referimos no Logan, a oferta assenta exclusivamente na gasolina, com três opções de três cilindros, sempre com sistema Start-Stop.

A entrada na gama faz-se através do 1.0 atmosférico com 65 cv, acoplado a uma caixa manual de cinco relações. Segue-se o TCe de 90 cv, sobrealimentado e passível de ser associado também à nova caixa automática de variação contínua. Mas a maior novidade reside no TCe 100 ECO-G, também ele com turbocompressor e caixa manual de seis velocidades. A vantagem deste bloco passa, desde logo, por uma autonomia de 1300 km, com os dois depósitos cheios (40 litros de gás de petróleo liquefeito, 50 litros de gasolina) e por emissões mais baixas – menos 11% de CO2 face a um motor a gasolina equivalente. Para o utilizador, as vantagens desta opção dependem, naturalmente, do número de quilómetros percorridos e da disponibilidade de abastecimento de GPL.