Ali, lá em cima, estava o ponto mais alto de Portugal Continental. Ali, lá em cima, estava a chave da vitória nesta Volta a Portugal edição especial, diferente de todas as outras mas com tanta ou mais emoção do que as anteriores. Porque ali, lá em cima na Serra da Estrela, chegava a quarta etapa da prova, a terceira a terminar numa subida depois de uma ligação de Felgueiras a Viseu ganha pelo basco Oier Lazkano onde não houve propriamente grande margem para fazer um descanso ativo tendo em conta as constantes fugas e a quebra no pelotão na subida para Bigorne. E tal como acontecera nos últimos anos, a Torre surgia como um momento propício para um quase jogo de xadrez, com a W52 FC Porto a representar rei e rainha que todos os outros queriam derrubar.

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Com Amaro Antunes na frente com 13 segundos de vantagem em relação a Frederico Figueiredo, Gustavo Veloso em terceiro a pouco mais de um minuto, João Rodrigues a 1.29 minutos e uma equipa onde entravam também outros nomes como Rui Vinhas, Ricardo Mestre, Daniel Mestre e Samuel Caldeira, a equipa de Nuno Ribeiro seria o centro de todas as atenções. Para si e para os outros, claro. Porque esta era a etapa onde teriam de aparecer o Tavira de Frederico Figueiredo e Alejandro Marque (também ele no top 10), da Efapel de Jóni Brandão e António Carvalho (que deixou de contar com Luís Mendonça), da Rádio Popular-Boavista de João Benta, do Louletano de Vicente de Mateos ou da Miranda-Mortágua de Daniel Freitas. Os 146 quilómetros que ligavam a Guarda à Covilhã prometiam espetáculo e foi isso que aconteceu numa das etapas rainhas da Volta.

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“Todos vão querer atacar e qualquer adversário é de ter em atenção. Todos os que estão ali nos dez primeiros são muito perigosos e por isso não seria correto da minha parte estar a nomear um ou outro. Temos noção de que vamos ser atacados de todos os lados. Vai ser um dia muito duro, os nossos oponentes terão de atacar e nós de defender para depois jogarmos as nossas cartas nos momentos certos”, projetou Amaro Antunes. “Temos respondido a todos os ataques com muita coesão e nota-se a união do grupo. Isso muitas vezes faz a diferença. Estamos aqui com um objetivo mas a Volta a Portugal só acaba em Lisboa e até lá ainda falta muita estrada”, acrescentou a esse propósito Nuno Ribeiro, diretor da equipa que tem dominado nos últimos anos.

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José Neves e Ángel Madrazo (Burgos), Sergio Martín (Caja Rural), Matis Louvel e Christophe Noppe (Team Arkéa-Samsic), César Martingil (Tavira), João Matias (Louletano), Rafael Reis e Gonçalo Amado (Feirense), Luís Gomes (Kelly-Simoldes Oliveirense), Bruno Silva (LA Alumínios-LA Sport), Gaspar Gonçalves e Pedro Pinto (Miranda-Mortágua) e Hugo Nunes (Rádio Popular-Boavista) foram os primeiros fugitivos do dia, com Luís Gomes, o herói no Alto de Santa Luzia, a passar na frente nas metas volantes de Celorico da Beira e de Gouveia. Com 55 quilómetros percorridos, a vantagem do grupo chegou aos 2.30 minutos, havendo ainda Tiago Machado entre os fugitivos e o pelotão numa saída que parecia tardia. Entre os favoritos, tudo junto à espera dos momentos decisivos e com uma entrevista importante de João Rodrigues à RTP, com o vencedor do ano passado a dizer que iria trabalhar para Amaro Antunes, e se possível, para que Veloso ganhasse também mais tempo.

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A 20 quilómetros do final, e quando o grupo de fugitivos mantinha o avanço de dois minutos, começou a dança tática das principais equipas, não só no pelotão mas também entre os corredores que estavam na frente. Cristían Rodríguez, da Caja Rural, isolou-se na frente para tentar uma chegada sozinho à Torre numa altura em que a diferença do pelotão estava a ser reduzida para pouco mais de um minuto mas, na altura das decisões, a fuga estava neutralizada e os principais candidatos à amarela estavam todos juntos para os dois últimos quilómetros. Jóni Brandão acabou por ser o melhor, sem que isso levasse a grandes mudanças na classificação porque Frederico Figueiredo, Amaro Antunes e Gustavo Veloso cortaram a meta apenas três segundos depois. João Benta (13s) e João Rodrigues (34s), que também estão nos primeiros lugares, ficaram no top 10 da etapa.

Assim, e na classificação geral, Amaro Antunes saiu da Serra da Estrela com os mesmos 13 segundos de avanço em relação a Frederico Figueiredo e 1.13 minutos de Gustavo Veloso. Já Jóni Brandão saltou para o quarto lugar a 1.17 minutos da liderança, ultrapassando João Benta (1.17). António Carvalho (1.55), João Rodrigues (2.00) e Alejandro Marque (2.15) fecham o top 8 só com corredores de W52 FC Porto, Efapel e Tavira. Mais tarde, António Carvalho acabou por descer para o oitavo lugar da geral, penalizado em 20 segundos pelo colégio de comissários por abastecimento irregular – o que beneficia neste caso João Rodrigues e Alejandro Marque.