A amostra é relativamente pequena — 320 senhorios — e por isso não permite conclusões unívocas, mas os resultados são suficientemente preocupantes para se tirarem ilações: num inquérito realizado entre 22 de agosto e 15 de setembro, a Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) ficou a saber que uma maioria (59%) de proprietários de imóveis arrendados questionados têm inquilinos que deixaram de pagar a renda durante os meses que se seguiram à chegada da pandemia da Covid-19 a Portugal.
A notícia é dada pelo jornal Público, que adianta alguns detalhes do inquérito feito a proprietários de imóveis em Lisboa. Segundo o diário, a esmagadora maioria dos inquilinos que deixaram de pagar renda cortaram o pagamento logo a partir de abril. O estado de emergência foi declarado em Portugal a 18 de março.
Os proprietários de imóveis arrendados queixam-se de um aproveitamento indevido da situação pandémica por parte de inquilinos que deixaram de pagar a renda. Isto porque mais de metade (56%) dos proprietários que deixaram de receber rendas alegam que os inquilinos com pagamentos em falta não apresentaram comprovativos de perda de rendimento, ao contrário do que é legalmente exigido.
Para a Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), houve falta de clareza na forma como o Governo comunicou as medidas de proteção a arrendatários — terão levado muitos inquilinos a pensar que não tinham de continuar a pagar a renda, queixa-se a entidade — e houve uma desigualdade de apoios, não tendo havido o mesmo empenho na proteção de proprietários que perderam rendimentos com a Covid-19.
O barómetro da ALP revela ainda que 43,5% dos senhorios tiveram quebra de rendimentos entre 10% a 20% e um terço — um em cada três — tiveram mesmo perdas de rendimento entre 20% a 40%. Já 16% dos senhorios ficaram sem 75% a 100% do rendimento mensal habitualmente garantido pelo arrendamento, diz ainda o Público.