Artur do Cruzeiro Seixas foi condecorado esta quarta-feira com a Medalha de Mérito Cultural. A entrega da condecoração aconteceu durante uma cerimónia realizada de manhã na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em Lisboa, que acolhe até ao final do ano uma exposição que comemora os 35 anos do Centro Português de Serigrafia (CPS). Esta inclui uma sala dedicada exclusivamente a Cruzeiro Seixas, num tributo do CPS ao “mestre do surrealismo nacional”.

A sessão contou com a presença da ministra da Cultura, a quem coube entregar a Medalha de Mérito Cultural. A atribuição da condecoração ao artista nascido a a 3 de dezembro de 1920, na Amadora, constitui “um reconhecimento institucional, mas é também um reconhecimento pessoal de alguém que se junta aos muitos que o admiram e que em si reconhecem um olhar que sempre viu mais longe e mais profundo”, afirmou Graça Fonseca.

“O que hoje entregamos há muito era sabido por quem o leu e por quem observou o universo interminável da sua obra: que o seu é um dos grandes nomes da cultura portuguesa.”

Cruzeiro Seixas é um dos nomes maiores do surrealismo português. Autor de uma vasta obra, que engloba diferentes áreas, é sobretudo conhecido como artista plástico, embora tenha também deixado um importante trabalho literário. Este foi editada em três volumes no início dos anos 2000 pela já desaparecida editora Quasi e está agora a ser reeditada pela Porto Editora, no âmbito da coleção “elogio de sombra”, dirigida por Valter Hugo Mãe, responsável pela primeira edição. O primeiro volume foi lançado em junho e outros dois deverão sair até ao final deste ano. Está também previsto um quarto volume, nunca publicado, com alguns inéditos e dispersos.

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A entrega da Medalha de Mérito Cultural a Cruzeiro Seixas aconteceu na sala da exposição O Tempo das Imagens III que é dedicada exclusivamente ao artista. Inaugurada no final de setembro, a mostra inclui 99 obras de 77 artistas, selecionadas a partir das doações feitas pelo CPS à BNP, e um conjunto de fotografias do Atelier CPS, da autoria de Duarte Belo.

Citado numa nota de imprensa, João Prates, explicou que a exposição “sintetiza a relevância do protocolo, iniciado em 2014, que estabelece a doação à Biblioteca Nacional de Portugal de um exemplar de cada uma das edições realizadas pelos artistas”. As 99 obras foram “reunidas em distintos núcleos pelos cinco espaços expositivos, num itinerário que testemunha o ecletismo editorial, geracional, estético e técnico do CPS”.

A exposição O Tempo das Imagens III poderá ser visitada na BNP até 31 de dezembro.

Artigo alterado às 17h48 de 15/10/2020. Corrigida também a descrição de que a exposição da BNP era baseada em desenhos que integram o espólio do artista