Os jovens não conseguem distinguir entre factos e opiniões quando estão a ler na internet, revela um estudo da OCDE, que defende que a Educação deve ter um papel de “bússola” para ajudar os alunos a navegar.

Esta é uma das conclusões do VI relatório do Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (PISA), que tentou responder à pergunta “Estarão os jovens preparados para prosperar num mundo interligado?”, tendo por base as respostas de alunos de 15 anos de 63 países.

Menos de um em cada dez estudantes dos países da OCDE consegue distinguir entre facto e opinião, com base em pistas implícitas relativas ao conteúdo ou fonte das informações”, revela-se no relatório esta quinta-feira divulgado, no qual participam estudantes portugueses.

Se, no passado, os alunos se guiavam pelos manuais “cuidadosamente selecionados e aprovados pelo Governo e podiam confiar que essas respostas eram verdadeiras”, nos dias de hoje, encontram online centenas de milhares de respostas para as suas perguntas.

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Mas, alerta o relatório, a Inteligência Artificial (IA) é “eticamente neutra” e por isso tanto pode amplificar as boas ideias como as más. É preciso que os jovens consigam cruzar as informações que recolhem com os seus valores e com as suas habilidades cognitivas, sociais e emocionais.

Para os investigadores do PISA, cabe à Educação o papel de ajudar: “A Educação do futuro não consiste apenas em ensinar as pessoas, mas também em ajudá-las a desenvolver uma bússola confiável para navegar num mundo cada vez mais complexo, ambíguo e volátil”.

As escolas têm de ajudar os alunos a ter um pensamento autónomo, mas consciente do pluralismo da vida moderna, numa época em que as comunidades culturalmente diversas estão conectadas digitalmente.

É preciso compreender como vivem os outros, as suas culturas e tradições, é preciso ser capaz de aceitar que existem diferentes maneiras de pensar, sublinha o documento, que foi feito com base em respostas dadas em 2018.

Para tentar perceber se os alunos estão preparados para o mundo interligado, o PISA definiu o conceito de “competências globais” que são necessárias para viver num mundo interconectado e em mudança.

Quem tem competências globais sabe e compreende questões globais e interculturais, é capaz de aprender e conviver com as pessoas de origens diversas e tem as atitudes e valores necessários para interagir respeitosamente com os outros.

Coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o PISA é a maior avaliação feita a alunos de 15 anos, que se realiza de três em três anos. No PISA de 2018 participaram cerca de 600 mil estudantes de 79 países, mas o relatório esta quinta-feira divulgado contou com a participação da comunidade escolar de 63 países.