O primeiro Centro Distrital de Retaguarda Covid-19 do Porto, que vai funcionar no concelho de Valongo com 50 camas, recebe os primeiros doentes segunda-feira à tarde, revelou este domingo o presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil. “Terá 50 camas, numa primeira fase, mas está preparado para passar a 80 se as necessidades assim o exigirem”, disse à Agência Lusa Marco Martins, que é também presidente da Câmara Municipal de Gondomar.
O Centro Distrital de Retaguarda Covid-19 do Porto vai funcionar no pavilhão 04 do Seminário do Bom Pastor, em Valongo, cedido pela Diocese do Porto. O espaço, cuja cedência e montagem foi anunciada na última segunda-feira, servirá para receber doentes em condições de continuar a recuperação fora dos hospitais, mas que não tenham retaguarda ou condições em casa ou nas instituições onde vivem.
Marco Martins adiantou que “as primeiras transferências” devem ocorrer segunda-feira “até ao final da tarde”, uma vez que “de manhã a ARS-N [Administração Regional do Norte] fará, junto dos hospitais do distrito, a seleção e hierarquização de prioridades”. “A prioridade é para quem vem dos hospitais. De manhã será feita essa seleção. Também acautelámos a possibilidade de receber algum caso mais complicado de lares, mas como se sabe está estabelecido que para os lares o primeiro patamar de retaguarda é municipal, passando a distrital em caso de necessidade”, disse Marco Martins.
O autarca falava à Lusa após uma reunião da Comissão Distrital de Proteção Civil, que decorreu este domingo de tarde, e na qual, além de responsáveis da área da saúde e das autarquias, também participou via Zoom (plataforma online à distância) o secretário de Estado Eduardo Pinheiro, que é também responsável pela coordenação da situação de calamidade na região Norte do país.
De acordo com Marco Martins, na reunião “operacional e de coordenação” deste domingo também ficou definido “procurar e preparar rapidamente” um segundo Centro Distrital de Retaguarda Covid-19 para o distrito do Porto, “possivelmente na região do Tâmega e Vale do Sousa”. “Este [Seminário do Bom Pastor] é o primeiro centro de retaguarda do país a funcionar nestes moldes. O Porto servirá de piloto para se partir para outras soluções do género. Temos consciência que, com o aumento do número [de infeções], poderemos ter de avançar para mais equipamentos. Esta semana reuniremos para decidir”, disse o autarca.
Na sexta-feira, o secretário de Estado Eduardo Pinheiro disse à Lusa que, no caso do Tâmega e Vale do Sousa, onde se regista um crescente número de infetados, a capacidade do hospital seria reforçada “já nestes dias”. O governante admitiu que “os números são preocupantes, nomeadamente nos municípios Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira”, concelhos do distrito do Porto para os quais o Conselho de Ministros decretou quinta-feira o dever de permanência no domicílio.
“As medidas vão sendo adaptadas ao conhecimento que existe hoje sobre a Covid-19, não há nenhuma razão para que haja uma cerca a nenhum destes municípios”, afirmou Eduardo Pinheiro. Também na sexta-feira a ministra da Saúde disse que há concelhos na região Norte que “merecem maior preocupação” e estão a ser avaliados “muito concretamente” pelas autoridades de saúde, nomeadamente aqueles que ficam próximos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira.