Diversidade, sustentabilidade, qualidade e proximidade. Nas primeiras décadas do século XXI, temos assistido a uma redefinição daquelas que são as prioridades dos consumidores. Os quatro conceitos predominam na cabeça de quem compra, mudança acelerada pela pandemia do novo coronavírus, que ao mesmo tempo que empurrou o mundo desenvolvido para o canal digital, no comércio e na comunicação, acentuou a tendência de valorização dos agentes locais.
Online desde setembro, depois de uma reformulação do projeto inicialmente lançado em 2018, a YAO (sigla para Young Adult Outfits) chega embebida numa nova atitude perante o consumo. “Quisemos criar uma montra que reunisse marcas portuguesas, numa altura em que os portugueses começam a dar bastante valor ao que se faz por cá”, refere Joana Santos, um dos quatro sócios responsáveis pela nova plataforma de e-commerce.
Joana, Guiomar, Rita e Carlos (nenhum deles aparece na fotografia que abre este artigo) partiram em vantagem. Com idades entre os 28 e os 34 anos, foram uma espécie de canivete suíço, quarteto versátil com experiência nas áreas da publicidade, do planeamento estratégico para marcas, do design gráfico e das redes sociais. Juntaram-se para reconstruir a YAO quase do zero e para enchê-la de moda exclusivamente portuguesa.
Atualmente, são já 35 as marcas à venda na loja, um número que tenderá a aumentar, à medida que o projeto oferece não só um espaço para colocarem os seus produtos à venda, mas também uma estratégia de comunicação nas redes sociais. Mais do que nunca, ter uma plataforma totalmente digital, é um trunfo. “A pandemia deu-nos o empurrão que precisávamos. As pessoas viram-se atrapalhadas nas idas a grandes lojas e viraram-se para negócios mais locais. A nossa resposta foi pegar em marcas portuguesas e dá-las a conhecer, algumas já são maiores maiores, mas outras ainda são negócios pequenos”, explica Joana.
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Quanto ao conceito de “jovens adultos”, este sintetiza aquele que é o público-alvo da YAO. Com clientes que vão dos 16 aos 40 anos, a plataforma quer responder à constante busca de novidade dos mais novos, mas também ter uma seleção de produtos que encaixe nos padrões de exigência dos mais velhos. Dos básicos masculinos da Ivory e do streetwear da Cardume aos saltos altos gráficos da Unreal Fields e às peças mais tradicionais do Armazém das Malhas, a proposta é a de um passeio por um centro comercial 100% português.
Kintu Studio. O design e a produção nacional nas bocas do mundo
Ainda antes do vírus nos fechar em casa, Rita e Sylwia começaram a projetar aquele que seria um negócio online com alguns dos melhores produtos desenhados e produzidos em Portugal, não só na área da moda, mas também no na decoração e na cosmética. A ideia é pré-pandemia, mas o mesmo não se pode dizer da sua concretização. “Começámos a procurar marcas e designers portugueses, passámos o confinamento em reuniões no Zoom, mas acabámos por criar este espaço, onde conseguimos o que queríamos desde o início — uma combinação harmoniosa de qualidade e posicionamento”, explica Rita.
O Kintu Studio ficou online no final de agosto, reúne atualmente cerca de 25 marcas portuguesas e vende para uma lista de 73 países. “Funcionamos um bocado como um marketplace, mas que também promove as marcas”, completa uma das sócias. Em preparação está já uma secção do site dedicada a contar as histórias por trás dos diferentes projetos. A par deste empurrão na divulgação das estruturas mais pequenas, existe uma estratégia para ajudar os criativos a galgar fronteiras.
“Identificamos várias necessidades ao falar com as marcas. Em muitas delas existe talento e criatividade, mas pouco financiamento e capacidade de fazer escalar os seus negócios”, apresenta. A plataforma quer assim programar ações que permitam ganhar visibilidade noutros mercados, a começar pela Polónia, país natal de Sylwia. O atual contexto não favorece voos altos e a participação de algumas marcas numa feira de design em Varsóvia, já em dezembro, ficou suspensa e aguardar por melhores dias para rumar à outra ponta da Europa.
A montra está montada e mostra a capacidade criativa do país. A-line e Susana Bettencourt destacam-se no vestuário feminino. A marca Aroeira e a ilustradora Vanessa Santos brilham entre as escolhas na área da decoração. A dupla pensa ainda em criar um evento para público profissional em solo nacional, com o objetivo de encontrar no design e na produção nacional uma alternativa ao turismo, que apesar de lucrativo continua a ressentir-se com a atual crise pandémica. A criatividade como tesouro imaterial do país levou as duas empreendedoras à tese pessoana do Quinto Império. O nome vem daí, já a concretização da profecia teremos de esperar para ver.