O álbum “Lina_Raül Refree”, que junta a fadista Lina Rodrigues e o produtor espanhol Raül Refree, foi eleito o melhor de 2020 por produtores de estações de rádio da Europa, através do World Music Charts Europe.

De acordo com a página oficial do World Music Charts Europe, o álbum de estreia, homónimo, do projeto Lina_Raül Refree lidera a lista dos 200 melhores álbuns deste ano, entre 700 que foram a votação, para os produtores de rádio de 24 países europeus.

Lina_Raül Refree é um projeto que em 2018 juntou a fadista Lina Rodrigues ao produtor e músico espanhol Raul Refree. Ela com um par de álbuns a solo e presença assídua no Clube de Fado, em Lisboa; ele, créditos na produção e gravação com nomes como Silvia Perez Cruz e Rosalía.

O álbum de estreia foi lançado no início deste ano e apresenta uma reinterpretação do fado e do repertório de Amália Rodrigues, para voz, piano e sintetizadores, mais minimal e austera, e amplamente elogiada pela crítica estrangeira.

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[ouça o álbum na íntegra, através do YouTube:]

Valeu-lhes boas críticas de ‘media’ como a BBC e as publicações Les Inrocks e Pitchfork, tendo sido distinguidos pela crítica alemã. O disco esteve ainda nomeado os prémios franceses Victoires du Jazz, e está indicado para os Music Moves Europe 2021, da Comissão Europeia.

“Como habitante da Península [Ibérica] é muito difícil não conhecer o fado, mas até ser um conhecedor de verdade vai uma grande distância. Eu decidi — e foi uma decisão consciente – fazer o trabalho a partir do desconhecimento. É perigoso, mas uma vez superado o perigo, creio que podemos oferecer territórios novos”, afirmou Raül Refree em entrevista em setembro à agência Lusa.

O álbum “Lina_Raül Refree” apresenta um repertório do fado para novos públicos, revisitando temas como “Medo”, “Gaivota”, “Barco negro”, conhecidos na voz da diva do fado, fechando com “Voz Amália de nós”, de António Variações.

“Fiz vários discos de revisão do flamenco, que abrem a interpretação de um estilo, e os puristas não gostaram muito, fui muito criticado por isso. Mas depois houve outros que gostaram muito. Para este, senti que podia fazer algo e as reações que tenho visto têm sido ótimas. Não acredito em géneros musicais e em fronteiras musicais, são conceitos muito parecidos. Apresentam-te uma fronteira como algo a partir do qual tudo muda, e é mentira. Tudo é uma continuação”, explicou o produtor.

Lina Rodrigues recordou, também em entrevista à Lusa, que, com o produtor catalão, descobriu “um fado mais livre, solto, sem tempo”.

“Deu-me uma liberdade imensa, em que posso dizer as palavras de forma diferente de quando estou em trio [de guitarras]”, reconheceu.

De acordo com a promotora Uguru, Lina e Raül Refree terminaram na semana passada em Barcelona (Espanha) a digressão deste ano de apresentação do álbum, que ficou condicionada pela pandemia da covid-19.

A digressão será retomada em janeiro, quando atuarem no Festival Eurosonic, na Holanda, durante a cerimónia de anúncio dos vencedores dos prémios Music Moves Europe.

Estão ainda previstas atuações em março na Eslovénia e na Bélgica, em abril, em França, em maio, no Reino Unido, e, em julho, no Festival Músicas do Mundo, em Sines.

O World Music Charts Europe foi criado em 1991 por produtores de rádio ligados à União Europeia de Radiodifusão.

Na lista dos 200 melhores álbuns de 2020 estão ainda Carla Pires (“Cartografado”), Companhia do Canto Popular (“Rebento”), Omiri (“Alentejo vol. 1: Évora”), António Zambujo (“Do avesso”) e Custódio Castelo (“Amália Classics on portuguese guitar”).