In vino veritas in aqua sanitas. Não existem indícios de que a expressão comummente atribuída ao filósofo romano Plínio, o Velho, tenha sido inspirada pela península de Setúbal. Mas podia. Porque se existe região que podia ter como lema “no vinho a verdade e na água a saúde” é a que ocupa este pedaço de terra do Sudoeste português, com quase dez mil hectares de vinhas plantadas, por um lado, e, por outro, uma reserva natural (a do estuário do Sado) que desemboca num mar imenso, com águas límpidas que não raras vezes se vestem de um azul-turquesa digno de um qualquer arquipélago dos Trópicos.
No vinho está a verdade porque é nele que está a essência desta região. Foi nestas terras que os Tartessos terão plantado as primeiras vinhas de toda a Península Ibérica, no longínquo ano de 2000 a.C. Os povos que lhes sucederam reconheceram-lhe o potencial para a viticultura, aperfeiçoaram técnicas e introduziram novas castas. Os Gregos, por exemplo, trouxeram diversos instrumentos, encontrados entretanto em escavações na zona de Alcácer do Sal. A tradição do vinho na península de Setúbal evoluiu e perdurou no tempo – a Região de Moscatel de Setúbal está demarcada desde 1907, é a segunda mais antiga do país inteiro.
Já a saúde das águas é indiscutível. Basta apreciar a paisagem, a partir das encostas da serra da Arrábida para confirmar a magnitude do estuário do Sado e a forma como abraça e se funde com o Atlântico. As praias do respetivo parque natural, algumas delas paradisíacas, a baía de Troia, e a longa faixa de areal que se estende até Sines são destinos balneares incontornáveis. É nas águas da região que se encontra algum do melhor peixe e marisco nacional, muito dele servido à mesa dos restaurantes locais, exímios na grelha e em receitas tradicionais, como o famoso choco frito. E é também nestas águas que habita uma pequena comunidade de algumas dezenas de roazes-corvineiros, os famosos golfinhos do Sado, motivo de frequentes expedições e romarias.
Portanto, água e vinho. Reza a mais elementar regra de bom senso que são as únicas bebidas que podem (e devem) ser consumidas em conjunto. Sobretudo na península de Setúbal. E sobretudo no caso destes rótulos distinguidos como os melhores no último concurso de vinhos da península de Setúbal, que celebrou este ano a sua vigésima edição. Vinte anos a eleger a nata dos néctares de uma região cuja biodiversidade e diferenças geográficas – planícies, serras, encostas e mar – permite criar vinhos absolutamente inesquecíveis. Como estes. Conheça aqui todos os premiados da 20ª edição e outros prémios que os vinhos da Península de Setúbal têm ganho.
Casa Ermelinda Freitas
Superior
2010
Bacalhôa
Syrah
2017
Dona Ermelinda
Reserva
2018
Domingo Soares Franco
Coleção Privada Roxo
2019