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Rúben e o pecado — perdão, a benção — original que é a maçã de Adán (a crónica do Sporting-Sp. Braga)

Este artigo tem mais de 3 anos

Defendeu tudo antes de o Sporting estar a ganhar, defendeu tudo depois de o Sporting estar a ganhar. Adán foi o ponto fulcral da vitória contra o Sp. Braga que segurou a liderança dos leões (2-0).

Sporting CP v SC Braga - Primeira Liga
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O guarda-redes espanhol evitou o golo dos minhotos ao longo de várias oportunidades

NurPhoto via Getty Images

O guarda-redes espanhol evitou o golo dos minhotos ao longo de várias oportunidades

NurPhoto via Getty Images

2020. Um ano terrível para todos, na descrição mais genérica. Um ano ambíguo, porém, para todos aqueles que têm motivos positivos para recordar o ano que agora terminou. O ano da pandemia foi também o ano em que muitos casaram, o ano em que muitos tiveram filhos, o ano em que muitos alcançaram o trabalho com que sempre sonharam e o ano em que tantos outros iniciaram a realização de objetivos.

2021. Um ano de esperança para todos, na descrição mais genérica. Um ano ambíguo, porém, para todos aqueles que não querem um corte total com os 365 dias que terminaram esta semana e pretendem alguma evolução na continuidade. O ano da vacina pode ser também o ano em que muitos são recém-casados, o ano em que muitos completam os primeiros meses como pais, o ano em que muitos vão começar o trabalho com que sempre sonharam e o ano em que tantos outros esperam continuar a realização de objetivos.

Ficha de jogo

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Sporting-Sp. Braga, 2-0

12.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Sporting: Adán, Neto, Coates, Feddal, Pedro Porro, João Mário, João Palhinha, Pedro Gonçalves (Matheus Nunes, 72′), Nuno Mendes, Nuno Santos (Bruno Tabata, 57′), Tiago Tomás (Sporar, 57′)

Suplentes não utilizados: Maximiano, Gonzalo Plata, Gonçalo Inácio, Antunes, Daniel Bragança, Jovane Cabral

Treinador: Rúben Amorim

Sp. Braga: Mateus, Ricardo Esgaio, Raul Silva, Rolando, Sequeira, Ricardo Horta, Al Musrati, Fransérgio, João Novais (Iuri Medeiros, 64′), Paulinho, Galeno (Schettine, 82′)

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, Zé Carlos, Abel Ruiz, André Horta, Rodrigo Gomes, Zé Pedro, Bruno Rodrigues

Treinador: Carlos Carvalhal

Golos: Pedro Gonçalves (54′), Matheus Nunes (78′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Galeno (37′), a Raul Silva (51′), a Al Musrati (58′), a Pedro Porro (80′), a Matheus (88′), a Matheus Nunes (90+1′)

É na ambiguidade presente tanto em 2020 como em 2021 que se encontra o Sporting. Um Sporting que não conquistou qualquer título na época passada, que teve quatro treinadores, que perdeu o jogador mais importante do plantel logo em janeiro e que terminou o Campeonato no quarto lugar. Mas também o Sporting que começou um novo projeto com Rúben Amorim, que fez contratações para setores-chave da equipa ao longo do verão, que ainda não perdeu na Primeira Liga e que acabou um ano civil na liderança pela primeira vez em 19 anos.

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Era assim, com vontade de esquecer a primeira metade de 2020 mas levar a segunda para 2021, que o Sporting iniciava o novo ano. Um novo ano que abria desde logo com um dos maiores desafios internos: uma receção ao Sp. Braga, em Alvalade, que era também o encontro com a equipa que na época passada roubou o terceiro lugar aos leões. Rúben Amorim, a título pessoal, reencontrava o clube onde se notabilizou como treinador, onde conquistou o primeiro troféu da carreira e onde acabou por conseguir o salto para o Sporting.

“Vou reencontrar pessoas que me marcaram, adorei estar naquela cidade como jogador e como treinador. Foi o clube que me deu oportunidade, serei sempre grato ao Sp. Braga, mas nada mais que isso. É especial quando ganhamos”, explicou o técnico, que encontrava uma equipa onde Carlos Carvalhal tinha três baixas devido à Covid-19 — David Carmo, Bruno Viana e Tormena, todos infetados. Os minhotos atuavam com João Novais, Galeno e Paulino na frente de ataque, com André Horta e Iuri Medeiros a ficarem no banco, enquanto que Rúben Amorim voltava a contar com Feddal. O central marroquino regressava ao onze inicial, depois de ter falhado a visita ao Belenenses SAD por lesão, e Nuno Santos também voltava a ser titular depois de Bruno Tabata ter estado nas opções iniciais nas duas últimas partidas.

O Sporting entrava em campo da forma habitual, com Pedro Porro e Nuno Mendes a caírem nos corredores, João Mário a jogar alguns passos à frente de Palhinha, Nuno Santos na ala esquerda e Pedro Gonçalves no lado contrário, ambos no apoio a Tiago Tomás. Os primeiros instantes mostraram desde logo que a aposta dos leões também seria a habitual: a profundidade, com passes verticais a procurar a velocidade dos homens mais adiantados e as costas da defesa adversária. Nuno Santos ficou perto de aproveitar uma jogada do género, depois de uma assistência de Tiago Tomás, mas Esgaio conseguiu anular o lance com um grande corte (4′).

A equipa de Rúben Amorim entrou melhor, com mais intensidade e velocidade, mas tinha alguma dificuldade me transformar tudo isso em oportunidades de golo, face ao escasso critério que apresentava na hora da decisão. Feddal foi o protagonista de um lance confuso na sequência de um canto (7′), Neto apareceu em boa posição para rematar logo depois (7′) e Nuno Santos chegou atrasado a um grande cruzamento de Pedro Porro a partir da direita (19′). Ou seja, apesar da notória superioridade na partida e das constantes aproximações à baliza de Matheus, o Sporting não conseguia criar verdadeiros lances de golo.

Ricardo Horta teve nos pés a primeira oportunidade do Sp. Braga, com um remate de fora de área que Adán encaixou (21′), e esse instante acabou por significar um ponto de viragem na partida que foi dividido em dois tempos. O primeiro tempo foi de maior indefinição, com as duas equipas a serem exímias na hora de anularem as investidas contrárias mas sem capacidade para ultrapassar a muralha adversária, principalmente devido à larga quantidade de passes errados — quase todos no corredor central, de parte a parte, graças ao enorme overbooking de jogadores nessa zona do terreno. O segundo tempo apareceu a partir da primeira vez em que o Sp. Braga conseguiu romper com a pressão leonina, com um passe vertical de Fransérgio que isolou Horta na cara de Adán. O avançado português tentou o chapéu, o guarda-redes espanhol resistiu à queda e conseguiu afastar o remate com uma palmada (32′).

A partir daí, o Sp. Braga iniciou um período de quase dez minutos em que foi totalmente superior e esteve várias vezes perto de inaugurar o marcador. Nesta fase, a melhor oportunidade pertenceu a Al Musrati, que rematou ao poste de fora de área depois de um desequilíbrio individual de Horta dentro da grande área (40′). Na ida para o intervalo, Alvalade ainda não tinha visto golos mas tinha assistido a uma primeira parte que começou por ser dominada pelo Sporting e acabou completamente controlada pelo Sp. Braga — os minhotos tinham três oportunidades claras contra nenhuma dos leões, dois remates enquadrados contra nenhum dos leões e oito ações na área adversária contra quatro dos leões.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Sp. Braga:]

Rúben Amorim e Carlos Carvalhal não fizeram qualquer alteração ao intervalo e o Sp. Braga entrou, basicamente, a conseguir colocar a bola no fundo das redes de Adán. Sequeira apareceu na esquerda e cruzou largo para a grande área, onde Paulinho surgiu entre os centrais, quase sem oposição, a finalizar com um salto de peixe que não deu hipótese ao guarda-redes leonino (46′). O lance, porém, foi anulado por fora de jogo do avançado português depois de Fábio Veríssimo ouvir as indicações do VAR.

A segunda parte parecia trazer o Sp. Braga novamente por cima, com maior presença no meio-campo adversária e uma pressão alta que não permitia espaços ao Sporting — os leões procuravam avançar sempre da mesma forma, com o habitual passe longo e vertical nas costas da defesa, mas encontravam sempre a oposição dos minhotos. O golo, lá está, surgiu na única ocasião em que a equipa de Rúben Amorim conseguiu ganhar na antecipação. Nuno Mendes abriu na direita com um bom cruzamento e encontrou Nuno Santos, que chegou antes de Sequeira e tocou de calcanhar para trás; atrás, apareceu Pedro Gonçalves, que atirou rasteiro e de primeira e abriu o marcador no primeiro remate enquadrado dos leões (54′). O jogador português regressou aos golos cinco jogos depois, fez o 11.º da temporada (é o melhor marcador da Liga) e acabou por conseguir abrir o marcador numa noite em que até estava bastante apagado, sem conseguir desequilibrar nem aparecer em zonas de finalização.

Amorim reagiu à vantagem com uma dupla substituição, ao tirar Nuno Santos e Tiago Tomás para lançar Tabata e Sporar, e o jogo assumiu a dinâmica natural: o Sp. Braga a procurar o empate incessantemente, o Sporting a tentar controlar a vantagem sem descompensar o setor defensivo. Nesta fase, Adán foi novamente fulcral, com uma enorme defesa depois de um remate de Ricardo Horta na grande área (63′). Carvalhal lançou Iuri Medeiros, Amorim reagiu com o reforço do meio-campo e a entrada de Matheus Nunes e o jogo caiu em intensidade e qualidade a partir dos 70 minutos, numa fase em que o Sp. Braga tinha pouco discernimento e o Sporting não queria arriscar demasiado para não ser surpreendido nas costas.

A entrada de Matheus Nunes ofereceu consistência e maior criatividade aos leões: o jovem médio venceu os cinco primeiros duelos que disputou e aumentou a vantagem menos de dez minutos depois de entrar em campo, ao beneficiar de um ressalto depois de Sporar rematar para defesa de Matheus (78′). Até ao fim, Carlos Carvalhal ainda colocou Schettine, Matheus ainda teve uma entrada muito dura sobre Sporar mas o resultado não voltou a alterar-se.

O Sporting venceu um adversário direto pela primeira vez esta temporada, abriu oito pontos de vantagem para os minhotos e segurou a liderança por, pelo menos, mais uma semana. Num jogo onde valeu principalmente a eficácia de Pedro Gonçalves e Matheus Nunes, que não desperdiçaram as melhores oportunidades criadas pelos leões, a diferença fez-se também na baliza contrária — onde Adán, uma e outra vez e tal como tinha acontecido contra o Belenenses SAD, manteve a baliza leonina bem segura e foi o elemento mais importante da equipa.

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