A organização do Women’s Prize for Fiction, prémio que celebra a criatividade feminina, pediu às juradas de 2021 para indicarem um romance que os leitores devem descobrir ao longo deste ano. A lista, composta por obras escritas por mulheres que Bernardine Evaristo, Elizabeth Day, Vick Hope, Sarah-Jane Mee e Nesrine Malik frequentemente recomendam, inclui sobretudo romances de escritoras contemporâneas e um clássico, Mrs. Dalloway, de Virgina Woolf.

Bernardine Evaristo, que foi finalista do prémio em 2020 com Rapariga, Mulher, Outra, vencedor do Booker Prize em 2019, sugeriu a leitura de Their Eyes Were Watching God, da norte-americana Zora Neale Hurston, “um livro excecional” sobre Janie Crawford e a sua passagem da infância para idade adulta. O romance é considerado um dos mais influentes na história da literatura norte-americana e da literatura escrita por mulheres.

[As juradas falam sobre as suas escolhas para 2021:]

A escritora e jornalista Elizabeth Day escolheu Americanah, da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (publicado em Portugal pela editora D. Quixote), sobre Obinze, que abandona a Nigéria para ir estudar para os Estados Unidos da América. Para Day, trata-se de “um épico em escala, mas humano em ressonância”. É também da autoria de Chimamanda Ngozi Adichie a escolha da apresentadora Vick Hope, Meio Sol Amarelo (D. Quixote). A narrativa desenrola-se também durante a guerra civil nigeriana, no final dos anos 60, e aborda questões como o colonialismo, classe, raça e empoderamento feminino. Meio Sol Amarelo foi considerado, em 2020, o melhor romance dos 25 anos de história do Women’s Prize for Fiction, que venceu em 2007, quando este ainda se chamava Orange Prize.

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A apresentadora da Sky News Sarah-Jane Mee escolheu o livro mais recente, The Five: The Untold Lives of the Women Killed by Jack the Ripper, da britânica  Hallie Rubenhold, um relato ficcionado das vidas das mulheres assassinadas por Jack, o Estripador, lançado em 2019. Mee admitiu que o que gostou mais na obra foi o facto de a autora ter dado uma voz às vítimas do assassino. “É disso que se trata a ficção sobre mulheres e escrita por mulheres. Trata-se de dar vozes às mulheres”, afirmou, citada pela organização do Women’s Prize.

A seleção da escritora e colunista no The Guardian  Nesrine Malik, Mrs. Dalloway, de Virgina Woolf, quase que dispensa apresentações. Uma das obras mais famosas de Woolf, Mrs. Dalloway é a história de Clarissa, uma mulher da alta sociedade londrina do pós-Primeira Guerra Mundial. Mrs. Dalloway aborda temas como as doenças mentais, o feminismo ou a homossexualidade, importantes na obra de Woolf. “Este é um livro ao qual volto uma e outra vez”, comentou Malik. “Cada leitura revela algo novo.”

Maggie O’Farrell vence Women’s Prize for Fiction com “Hamnet”, romance inspirado no filho de Shakespeare

O Women’s Prize for Fiction tem por objetivo reconhecer a ficção escrita por mulheres em todo o mundo. Criado em 1992, em Londres, capital britânica, por um grupo de homens e mulheres jornalistas, críticos, agentes, editores, bibliotecários e livreiros, procurou ser ma resposta ao facto de, no ano anterior, a lista de finalistas do Booker Prize não ter incluído uma única mulher, situação que tem vindo a mudar.

No ano passado, o Women’s Prize foi atribuído a Hamnet, de Maggie O’Farrell, sobre a vida e morte do único filho de William Shakespeare. A primeira lista de candidatos ao prémio deste ano será revelada a 10 de março. A shortlist será conhecida a 28 de abril e o romance finalista a 16 de junho.