[Artigo atualizado às 17h08 com a reação de Diogo Faro nas redes sociais]
“Entre médicos e enfermeiros exaustos, ou nós fechados em casa a lidar com a nuvem cinzenta que nos sobrevoa a cabeça, pegamos no telemóvel ou ligamos a TV e vemos outras coisas. Vemos imagens de festas com dezenas de pessoas. Quase todos os dias aparecem imagens de festas, algures em Portugal, de 20, 30 ou mais pessoas a cantar e dançar tão embebidos em alegria como egoisticamente alienados da realidade.”
Este excerto faz parte de uma crónica do humorista Diogo Faro, intitulada “Roubar vacinas e dançar em festas”, que foi publicada (como habitualmente), no site da Sapo no passado dia 30 de janeiro. Nele, Faro lança claras críticas às pessoas que ignoram as recomendações das autoridades — de segurança e de saúde — e, indiferentes ao esforço e sacrifício generalizado “dos profissionais de saúde ao governo, dos artistas aos empresários, dos pais aos filhos, dos novos aos velhos”, quebram as regras e reúnem-se e festas e convívios.
Sim, fui eu que expus na minha página do Instagram. Que VERGONHA. pic.twitter.com/fZ9BaHAfct
— Raquel Caldevilla (@raquelakabillie) February 1, 2021
Pouco depois de a crónica ter sido publicada, porém, surgiu nas redes sociais uma foto de grupo, com mais de dez pessoas abraçadas e a celebrar a passagem de ano, onde Diogo Faro aparece a sorrir, de copo na mão, a apontar para a câmara. Tardou pouco até a imagem se tornar viral e com ela gerou-se também um coro de revolta perante o comportamento do humorista.
Entre as festas e o roubo de vacinas, que continuem a ser assim se conseguirem dormir bem à noite com isso. Mas, se não for pedir muito, evitem esfregar na cara de todos os outros. https://t.co/BNSSInKBls
— Diogo Faro (@SensIdiota) January 30, 2021
Entretanto surgiu ainda outra foto, nas redes sociais, datada de 27 de dezembro de 2020, onde o mesmo Diogo Faro aparece novamente com um grupo de amigos numa esplanada na Costa da Caparica.
“Foi um ajuntamento de pessoas arriscado e desnecessário”
Diogo Faro já se pronunciou, entretanto, sobre o tema que tem gerado polémica nas redes sociais. “Não adianta muito tentar esmiuçar a situação e as circunstâncias porque será sempre tentar arranjar fracas desculpas, ou apontar dedos para fora, quando não é o meu objetivo aqui”, escreve o humorista que assume que a festa de passagem de ano em questão “foi um ajuntamento de pessoas arriscado e desnecessário”.
Na mensagem que divulgou em todas as suas plataformas digitais, Faro afirma que deve “obviamente um esclarecimento e um pedido de desculpas a todos os que se sentem desiludidos e magoados com esta situação” e ressalva a importância de entender as suas próprias “falhas e incongruências”, assumindo que aquilo que exige de sim e da sociedade “é algo que às vezes não consigo atingir e, por isso, falho-me a mim e a vocês”.
https://www.facebook.com/diogofaro/posts/10158200986343212
Assume com toda esta situação não o fará “baixar essa exigência para falhar menos, mas mantê-la e continuar a aprender todos os dias para a conseguir acompanhar.” Finalmente agradece “o apoio de quem sabe a honestidade” que diz pôr em tudo o que faz e defende, tanto “na vida pessoal” como “no trabalho”. Deixa ainda um último reparo: “Noutra ocasião, poderei adereçar o ódio que me é adereçado constantemente, diariamente, e de forma tão violenta, tanto de anónimos como de colegas, mas não é altura.”
Diogo Faro já apresentou programas de televisão como o Curto Circuito, da SIC Radical, e fez vários espetáculos de stand up comedy. Recentemente tem ganho mediatismo enquanto ativista em prol do movimento feminista, anti-racista e anti-fascista.