Minuto 86. Nanú chocou contra Kritsyuk, de forma violenta, e caiu inanimado no relvado. Os jogadores do Belenenses SAD, que estavam mais perto do lance, pediram de imediato a intervenção dos bombeiros e o lateral do FC Porto foi assistido durante largos minutos, acabando por sair do Jamor com um colar cervical, de ambulância e em direção ao hospital. Sérgio Conceição, assim que percebeu que o jogador estava sem sentidos, entrou dentro de campo e discutiu intensamente com o árbitro Fábio Veríssimo — não só devido à gravidade da situação mas também por entender que a jogada era motivo para grande penalidade, que acabou por não ser assinalada.
O treinador acabou por ver o cartão amarelo, o FC Porto jogou os últimos minutos com menos um elemento e já sem grande discernimento e acabou por empatar sem golos com o Belenenses SAD, podendo ficar a seis pontos do Sporting se a equipa de Rúben Amorim ganhar ao Marítimo esta sexta-feira. Na flash interview, de forma lógica, as palavras de Sérgio Conceição foram sobre a condição de Nanú. “Não tenho notícias ainda. Sei que está no hospital. Penso que tinha recuperado um pouco da consciência. Agora vamos ver, vamos ver. O médico fala nisso depois”, disse o técnico, partindo depois para um rol de críticas que envolveu o mau estado do relvado do Jamor e o trabalho da equipa de arbitragem liderada por Fábio Veríssimo.
“Não é só esse lance [da lesão de Nanú]. Sinceramente, há coisas que não compreendo. Jogar neste relvado, para quem assume, é mais difícil. É mais fácil defender do que atacar aqui. Não sei como marcam jogos com esta qualidade de relvado. E depois há a possibilidade de haver mais lesões. É incrível”, começou por dizer Conceição, acrescentando depois que o FC Porto foi “à procura do resultado” e mostrando-se indignado com a escolha de Fábio Veríssimo para arbitrar este encontro, na sequência da polémica ligada ao cartão amarelo retirado a João Palhinha, onde o juiz admitiu o erro.
“Pensávamos que marcando um golo as coisas seriam diferentes. O Belenenses SAD defendeu-se como pôde, nós criámos oportunidades e não marcámos. E com o decorrer do jogo vimos uma arbitragem que não me lembro… Não sei como é que este árbitro, que está sob uma polémica incrível, vem apitar um jogo que pode ser decisivo para o título. Há dois jogadores em três situações que deveriam ter sido expulsos. Um [Diogo Calila] até deveria ter visto vermelho no lance com o Corona! É inacreditável como não o expulsa… Um árbitro que vem de uma polémica e o Conselho de Arbitragem mete-o aqui. É revoltante. O balneário está revoltado. E este penálti, é penálti em todo o lado! É involuntário? Mas alguém faz penáltis de forma voluntária? Hoje fomos enganados, hoje fomos roubados aqui!”, atirou o treinador do FC Porto, que não apareceu na conferência de imprensa.
Certo é que este empate — que foi o primeiro nulo na Liga desde a 12.ª jornada — fez com que Sérgio Conceição registasse a pior primeira volta desde que é treinador do FC Porto. Os dragões chegam ao fim da 17.ª jornada com 39 pontos, menos dois do que na época passada, menos quatro do que há dois anos e menos seis do que há três anos. Esta foi também a segunda temporada consecutiva em que o FC Porto em casa do Belenenses SAD, sendo também o primeiro jogo do Campeonato em que os dragões não marcaram qualquer golo.
Nas 5 últimas épocas, o FC Porto só venceu uma vez em casa da B-SAD:
➡2016/17: 0-0
➡2017/18: 2-0
➡2018/19: 2-3
➡2019/20: 1-1
➡2020/21: 0-0 pic.twitter.com/3vKBQBGrOO— Playmaker (@playmaker_PT) February 4, 2021
Além de Sérgio Conceição, também Pepe, o capitão de equipa, foi o porta-voz do grupo na flash interview. O central português desejou as rápidas melhoras a Nanú — que segundo o Mais Futebol, foi transportado para o Hospital São Francisco Xavier com um aparente traumatismo craniano –, revelou que os bombeiros que acompanharam o jogador na ambulância disseram que o lateral estava “bem e consciente” e, a par do treinador, também criticou a arbitragem. “Era um jogo extremamente importante para nós e esse lance tira-nos um jogador que, do meu ponto de vista, estava muito bem no jogo. Poderia até dizer que era penálti, mas há o árbitro para decidir. Tudo o que acontece com os árbitros deixa-os condicionados e, por isso, era difícil tomar essa decisão. Do meu ponto de vista, é um penálti claro. Se formos olhar para os jogos dos nossos rivais, marcaram-se penáltis por muito menos. Mas não é por ter marcado cinco, seis ou sete penáltis a favor do FC Porto que não tem de marcar penálti. O árbitro tem de ter personalidade nesse momento e marcar aquilo que realmente é. Mas não temos de nos focar apenas nisso. Era um jogo extremamente difícil para nós, temos outro complicado já no domingo e temos de recuperar para ir buscar os três pontos”, disse Pepe, prosseguindo os comentários à atuação de Fábio Veríssimo.
“Ainda faltam muitos jogos. Temos de nos preocupar com o que está ao nosso alcance, que é jogar e fazer golos. Hoje, vocês [jornalistas], mais do que nós, têm a tecnologia para poder comentar um penálti. Na ocasião, estava a falar com o árbitro auxiliar e ele disse-me que tinha sido um choque involuntário. Eu não entendo como tal. O guarda-redes sai para defender a bola. É um facto que o central corta a bola, mas inevitavelmente o guarda-redes choca com o Nanú, que também procurava jogar a bola. Há que esclarecer um pouco esses critérios, para que todos possam entender, porque para uns é um critério e para outros é diferente. Tirando isso, agora há que viajar para o Porto e descansar, para que no domingo, contra o Sp. Braga, possamos fazer um bom jogo e alcançar um resultado positivo”, concluiu o internacional português.