É um fato à medida de Isaltino Morais. A concelhia do PSD/Oeiras aprovou na madrugada desta sexta-feira um perfil de candidato autárquico que facilita que o atual presidente da câmara de Oeiras integre as listas do PSD. O documento, ao qual o Observador teve acesso, elogia a atual governação, por um lado, e define características — como experiência autárquica especificamente em Oeiras — que afunila a escolha para Isaltino Morais. Questionado pelo Observador sobre se este perfil aproxima Isaltino Morais de ser candidato, o líder do PSD/Oeiras, Armando Soares, não esconde que o objetivo do PSD é “ir a votos para ganhar eleições” e reitera que tem “muito orgulho na gestão do município“. Ou seja: de Isaltino Morais, que lembra que em vários anos “também foi uma gestão PSD”.

A concelhia deu este passo para acomodar Isaltino Morais e, sabe o Observador, está em plena sintonia com a distrital, em particular o seu líder, Ângelo Pereira, que em agosto já tinha afirmado ao jornal Público que era “viável”. Ao que o Observador apurou, a distrital do PSD aceita bem o nome de Isaltino Morais e tem sinais da direção nacional que é um nome encarado com “muita tranquilidade” pela direção nacional.

Isaltino Morais ser candidato dependia de três condições: a aceitação da concelhia (já está), a vontade da direção de Rui Rio (Isaltino é amigo de Salvador Malheiro e falam com frequência) e a vontade do próprio. Em entrevista ao programa Vichyssoise da Rádio Observador, que será publicada esta sexta-feira, Isaltino Morais não exclui a possibilidade de ser candidato como independente nas listas do PSD.

Isaltino Morais faz, na mesma entrevista, elogios à via social-democracia de Rui Rio e assume-se como social-democrata. Ou seja: como se estivessem na mesma linha ideológica. O presidente do PSD/Oeiras também põe a escolha do candidato autárquico no “legado social-democrata”. Mas é mais do que isso: quer na concelhia, quer em plenário o perfil de candidato — o tal que encaixa em Isaltino Morais — foi aprovado esta madrugada.

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O perfil de candidato aprovado pela concelhia começa por aí já que exige que o candidato seja uma “personalidade que se identifique inquestionavelmente com os valores da social-democracia”. Os tais valores que Isaltino fez questão de exaltar na entrevista ao Observador. Depois fecha a porta a “paraquedistas” fora do município (uma cláusula “anti-Moitas Flores desta vida”, explica um dirigente do PSD ao Observador) e, ao mesmo tempo, define características que são a cara de Isaltino Morais.

“Um candidato que tenha experiência de liderança e provas dadas, reconhecidas pela população e atestada por funções desempenhadas na estrutura associativa, empresarial e/ou autárquica, no município de Oeiras”, lê-se no documento.

O perfil pede ainda um candidato que tenha uma “visão pacificadora e de algum modo transpartidária, para acolher não só militantes do PSD, como também simpatizantes, independentes e no fundo todos quantos se identifiquem com a visão de uma Oeiras de futuro”. Ora, o homem transpartidário que junta simpatizantes, independentes e militantes do PSD em Oeiras é, no entender de várias fontes do PSD local e distrital ouvidos pelo Observador, só um: Isatino Morais.

Além disso, o perfil aprovado na madrugada desta sexta-feira faz vários elogios à governação de Isaltino Morais. Começa por lembrar que “o município de Oeiras é hoje o segundo concelho de Portugal em vários indicadores, sendo apenas ultrapassado naturalmente pela capital e ainda assim, estando mesmo no primeiro lugar per capita no nosso país, em vários quadros de referência competindo diretamente a nível internacional.”

O documento aprovado pela concelhia social-democrata diz que “Oeiras é um caso de sucesso de várias gestões assumidamente social-democratas, sendo que o próprio Partido Social Democrata ou liderou ou participou ativamente no desenvolvimento das políticas do concelho, presidindo ou aceitando responsabilidades em todos os executivos camarários, nos últimos trinta anos”.

E, noutro piscar de olhar de Isaltino Morais, o PSD defende que “as lideranças devem ser galvanizadoras e impulsionadoras da mudança, mas simultaneamente conservadoras no que diz respeito aos resultados adquiridos, a fim de que se não percam ou esfumem num horizonte próximo”. E mais uma frase anti-paraquedistas para reforçar que “a candidatura autárquica deve pressupor ligação efetiva ao local onde o cidadão se candidata”.