Que Coates está a fazer a melhor temporada desde que chegou ao Sporting é já um dado adquirido. Que Coates aprendeu a ser o líder de uma equipa por ter passado muitos minutos ao lado de Mathieu é também uma evidência. Que Coates está muito perto de coroar tudo isso com a conquista da Primeira Liga é cada vez mais uma forte probabilidade. Mas, à parte tudo isto, é também verdade que Coates está a realizar uma das épocas mais complicadas da carreira — pelo menos a nível pessoal.

Há cerca de duas semanas, o central uruguaio foi surpreendido pela morte de Santiago García, um antigo colega de equipa mas, principalmente, um grande amigo. O desaparecimento do antigo jogador, que tinha apenas 30 anos, saltou para a atualidade portuguesa depois da partida entre o Sporting e o Gil Vicente, em Barcelos. Coates marcou os dois golos que deram a vitória aos leões, já durante o período de descontos, e na flash interview acabou por revelar que tinha perdido “um amigo, um irmão”. Num jogo “especial”, onde acabou por bisar pela primeira desde que chegou a Portugal, celebrou a apontar para o céu.

Para ti, Santiago (a crónica do Gil Vicente-Sporting)

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Agora, em entrevista à ESPN, o central voltou a falar da amizade com García, que conhecia desde os 11 anos, e choque que a morte do antigo jogador provocou. “Por causa da minha posição, calhava-me marcá-lo nos treinos e criámos uma linda amizade. Sempre houve cumplicidade entre nós, essas são as melhores memórias que tenho dele. Nos jogos dava para perceber quando estava bem ou mal, quando estava chateado ou aborrecido. Mas tinha sempre um sorriso, estava sempre de bom humor, alegrava-nos a todos”, contou Coates, que foi colega de Santiago García na formação dos uruguaios do Nacional, sendo que acabaram por estrear-se juntos na equipa principal. Na seleção, só se cruzaram nos Sub-20, disputando ainda o Mundial de 2009 que decorreu no Egito.

“São coisas que acontecem na vida e que nunca vamos entender. Lamentavelmente perdemo-lo mas ele deixou uma mensagem a todos: temos de ter mais cuidado com certas coisas, talvez preocupar-nos mais com a pessoa e não tanto pelo que é dentro de campo”, disse o capitão leonino, que revelou ainda que já tinha percebido que García “estava um pouco mal” e mantinha o contacto assíduo com o amigo, principalmente por mensagens, no grupo que os jogadores da antiga seleção Sub-20 uruguaia ainda mantêm. “Às vezes falar por mensagens é diferente de uma conversa de viva voz. Mas todos sentíamos que ele estava bem, que havia a possibilidade de voltar. Sinceramente, fomos apanhados de surpresa e nunca imaginámos que ele fosse por aquele caminho”, terminou.

“Perdi um amigo, um irmão. Foi um jogo complicado”: a dor de Coates entre o primeiro bis na Liga que fica para a história