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Para ti, Santiago (a crónica do Gil Vicente-Sporting)

Este artigo tem mais de 3 anos

Coates é um plano B em desvantagem mas será sempre o plano A neste Sporting. Pela entrega, pelo exemplo, pela liderança. E bisou em Barcelos na semana mais difícil pela morte de um grande amigo (1-2).

Coates terminou o jogo como o jogador com mais remates (cinco), tendo recordado o amigo Santiago García nos festejos dos golos e no final do jogo
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Coates terminou o jogo como o jogador com mais remates (cinco), tendo recordado o amigo Santiago García nos festejos dos golos e no final do jogo

Coates terminou o jogo como o jogador com mais remates (cinco), tendo recordado o amigo Santiago García nos festejos dos golos e no final do jogo

Os programas feitos pelos clubes através dos seus próprios canais de comunicação, com um acesso que os outros meios nunca conseguem obter pelo menos com a mesma frequência, têm o condão de soltar os jogadores para um registo mais informal onde partilham muitas vezes aspetos mais pessoais que acabam depois por ser os que fazem uma maior ligação aos adeptos. Foi isso que aconteceu com Pedro Gonçalves, o mais recente entrevistado no podcast ADN Leão. Revelou, por exemplo, que tinha o hábito de usar os mesmos boxers até que um dia trocou, marcou um golo e percebeu que não era por ali que vinha mais ou menos sorte. E que ainda hoje calça primeiro a chuteira do pé esquerdo e entra em campo com três pequenos saltos com o pé direito. E que quando chega a casa depois dos jogos “gaba-se” do que fez, perguntando se ela viu os golos que marcou, por exemplo. Mas é nesse tom um pouco mais descontraído que se dizem outras coisas importantes para explicar o contexto à sua volta.

Sporting vence Gil Vicente em Barcelos com bis de Coates nos últimos minutos e reforça liderança na Liga

“Não estou insatisfeito com os 14 golos que tenho mas sei que posso fazer mais, procurar mais a bola e não perder tanto a bola. Os golos no futebol não são tudo. Segredo? A qualidade tem de nascer contigo, depois podes trabalhar e melhorar. Ia às Seleções de Sub-14 e Sub-16 e via jogadores que eram melhores do que eu mas se calhar não trabalharam tanto e eu tive melhores oportunidades. Se não deres à perna há outro que dá e passa por ti mas água a mais também mata a planta”, destacou a propósito do rendimento pessoal, acrescentando também que, seja para o bom ou para o mau, vai seguindo os comentários dos adeptos nas redes sociais (aliás, foi através de pesquisas no Twitter que percebeu que o seu nome aparece muito ligado ao… Festival da Canção). “Título? Este ano temos de pensar jogo a jogo. É o que nos transmitem”, acrescentou ainda na mesma conversa.

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Pedro Gonçalves falava de si mas poderia estar a falar por todos no plantel do Sporting. Porque essas são as duas grandes marcas que conduziram a equipa à liderança no final da primeira volta: um constante crescimento em termos individuais que depois se reflete no coletivo, uma mentalidade de encarar todos os encontros quase como se fossem finais e que já valeu alguns triunfos nos últimos minutos. E foi também esse salto do coletivo que permitiu, por exemplo, que a Transfermarkt avaliasse o plantel em mais 20 milhões de euros do que há dois meses (está agora nos 168,4 milhões, quando em dezembro se encontrava nos 149 milhões), ajudando também a isso a chegada de Paulinho, uma espécie de peça em falta para completar todo o puzzle tático dos leões.

“É uma questão de coerência. Da mesma forma que as coisas mudaram num mês, com o aumento de vantagem, podem mudar ao contrário. A equipa é a mesma, é uma equipa nova, não só por ser jovem mas porque mudámos muito de um ano para o outro. Sabemos que ainda vamos sofrer muito, não tenho conhecimento da resposta a qualquer período adverso. É uma questão de coerência. Vamos fazer aquilo que combinámos no início da época: jogo a jogo e fazer o caminho dessa forma. Sabemos o resultado dos nossos rivais, eles comentam de manhã, mas o nosso foco enquanto equipa técnica é chamá-los à terra, trabalhar em relação ao que podemos controlar. Como é que o Gil pode jogar, que sistemas pode usar… Esse é o nosso foco”, admitiu Rúben Amorim antes do jogo.

“Medo de assumir. Não há medo, há a noção que se pode perder tudo em três jogos, já aconteceu no passado. Esse receio é bom porque mantém o foco nas coisas. Medo não temos. Os sportinguistas estavam divididos quando começámos mas fiquei feliz por vez um ex-presidente falar recentemente. Os sportinguistas estão mais unidos mas faltam resultados desportivos. Isto pode mudar de um momento para outro. O que temos de fazer é dar o máximo, estamos orgulhosos mas cautelosos. A nossa atitude não vai mudar. O que os jogadores podem tentar fazer todas as semanas é dar o máximo e correr muito”, acrescentou sobre a questão da luta pelo título.

Depois, há uma série de variáveis que podem ou não aparecer. Olhando para Pedro Gonçalves, por exemplo, que fez dos jogos menos inspirados da temporada, não só por não ter marcado mas pela forma como rematou em todas as tentativas que teve. Acontece. Mas há um ponto do qual esta equipa do Sporting nunca prescinde: a entrega, a raça, a atitude, o querer. Durante 45 minutos, os leões deixaram-se deslumbrar (talvez pelo fogo de artifício que tiveram ainda à chegada a Barcelos, numa festa antecipada que costuma correr mal), não foi fiel a si próprio e permitiu que o Gil Vicente estivesse melhor e mais confortável em campo; após o intervalo, e mesmo sem grandes momentos de brilhantismo, recuperou essas características e foi premiado já nos descontos, com Coates a marcar dois golos numa semana difícil onde perdeu o amigo Santiago García, El Morro que foi encontrado morto em casa. Apesar de ser um plano B quando avança no terreno, o capitão voltou a mostrar que é sempre um plano A em qualquer condição. Pela entrega, pelo exemplo, pela liderança. Por tudo o que viveu nos últimos dias.

Ficha de jogo

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Gil Vicente-Sporting, 1-2

18.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Cidade de Barcelos

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

Gil Vicente: Denis; Joel (Paulinho, 65′), Rodrigo, Rúben Fernandes, Talocha, Henrique Gomes; Claude Gonçalves (João Afonso, 85′), Lucas Mineiro; Baraye (Lourency, 65′), Fujimoto (Pedrinho, 72′) e Samuel Lino (Bouba, 85′)

Suplentes não utilizados: Beunardeau, Diogo Silva, Vítor Carvalho e Alaa Abbas

Treinador: Ricardo Soares

Sporting: Adán; Neto (Gonçalo Inácio, 46′), Coates, Feddal (Matheus Reis, 74′); Pedro Porro, Palhinha (João Mário, 74′), Matheus Nunes (Daniel Bragança, 54′), Antunes (Tiago Tomás, 46′); Pedro Gonçalves, Nuno Santos e Paulinho

Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, João Pereira, Bruno Tabata e Jovane Cabral

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Fujimoto (36′) e Coates (83′ e 90+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Lucas Mineiro (3′), Matheus Nunes (31′), Samuel Lino (73′), Pedrinho (87′) e Denis (89′)

O Sporting até teve uma entrada melhor em campo, dominando na posse e em termos territoriais mas criando apenas boas situações de golo na sequência de bola parada: primeiro, num lance muito confuso com remates e ressaltos pelo meio, Coates rematou em boa posição mas saiu ao lado (2′); mais tarde, numa segunda bola que nasceu de mais um livre lateral de Antunes, o mesmo Coates assistiu Matheus Nunes à entrada da área para um remate forte bem travado por Denis (12′). No entanto, e apesar de essa procura desde o minuto inicial pelo golo, os leões não estiveram ao mesmo nível do que aconteceu na última partida na Madeira frente ao Marítimo pela falta de eficácia e pela menor capacidade no jogo sem bola e na ocupação de espaços nas transições. E foram esses erros, alguns que nasceram pelo facto de haver uma equipa com fato de gala em vez do habitual fato macaco, que potenciaram uma das grandes forças deste Gil Vicente: as saídas rápidas dos minhotos. Quase com sucesso.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Gil Vicente-Sporting em vídeo]

Samuel Lino, numa jogada muito habitual a cair na direita e a fazer a diagonal para o corredor central, deixou um primeiro aviso num remate de pé esquerdo ao lado (23′). Fujimoto, pouco depois, aproveitou uma perda de bola em zona proibida de João Palhinha para sair também em transição, rematar de meia distância para defesa para a frente de Adán e ver depois Baraye fazer a recarga ao lado (26′). A falta de agressividade sobre o portador e a menor ligação entre setores dos verde e brancos estavam a ser aproveitadas da melhor forma por um Gil Vicente que, numa linha de cinco, mantinham os cirúrgicos Lucas Mineiro e Claude Gonçalves no meio a fazer a diferença.

A reação voltou a aparecer na sequência de um livre lateral, mais uma vez com Antunes a cruzar de pé esquerdo, a bola a sofrer um desvio de um defesa gilista mas a encontrar Denis no local certo para desviar para canto (29′). E ainda houve uma grande jogada ofensiva de Pedro Porro, que começou o jogo com vários passes falhados mas que voltou a ter uma investida pela direita a sair depois para o meio antes do remate que passou muito perto do poste de Denis (34′). No entanto, aquelas carências apresentadas antes acabaram por ser aproveitadas da melhor forma pelo Gil Vicente, que na sequência de mais uma recuperação em zona adiantada perante a passividade leonina para tirar a bola da zona de perigo chegou mesmo ao golo: Claude Gonçalves viu bem a entrada de Fujimoto nas costas da defesa do Sporting e o japonês não perdoou em frente a Adán, fazendo o primeiro golo da época (36′).

Pela segunda vez, depois do clássico com o FC Porto em Alvalade, o Sporting saía para o intervalo em desvantagem. Pela primeira ocasião desde a oitava jornada, encontrava-se atrás no marcador. Se todos os encontros dos leões até ao momento eram vistos com a expetativa de perceber até que ponto a equipa conseguiria manter a dinâmica de vitória, existia agora o desafio extra de manter a invencibilidade na Liga. E com apenas 45 minutos para isso.

Numa primeira instância, logo ao intervalo, Rúben Amorim abdicou de Neto e Antunes para lançar Gonçalo Inácio e Tiago Tomás, no sentido de dar outro peso no ataque com a colocação de Nuno Santos a fazer todo o corredor esquerdo e recuperar o central que mais garantias tem dado na exploração da profundidade com passes mais longos. Apenas dez minutos depois, Daniel Bragança entrou para o lugar de Matheus Nunes para tentar dar outro critério na fase de construção. O Sporting conseguiu fazer aquilo que não tinha feito tantas vezes até aí, tapando as linhas de saída do Gil Vicente que praticamente deixou de atacar, mas criava poucas ocasiões verdadeiras de golo, tendo um bom lance na sequência de canto com Tiago Tomás a atirar na área muito por cima (65′).

Apesar da desvantagem e do domínio total no encontro, os leões continuavam sem conseguir criar oportunidades flagrantes. Num ápice, criou três noutros tantos minutos. E à terceira marcou mesmo: Tiago Tomás obrigou Denis a defesa apertada para canto num cruzamento que saiu remate (81′); na sequência do canto, Paulinho cabeceou para grande defesa do brasileiro para novo canto (82′); e a seguir, numa altura em que Samuel Lino estava no chão percebendo que iria ser substituído, um corte de Paulinho na área foi aproveitado por Coates para um remate de ressaca que fez o 1-1 (83′). O jogo voltava a abrir, com esse alento anímico do Sporting que acabou por ser ainda coroado com a reviravolta perante a quebra física do Gil Vicente e a incapacidade de ter mais posse que faria a diferença: num livre lateral, o mesmo Coates subiu mais alto de cabeça e beneficiou de uma má abordagem de Denis para marcar o 2-1 no primeiro minuto de descontos e reforçar a liderança verde e branca.

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