Com uma risada inconfundível, Dr. Hilbert é uma das personagens que tem estado presente nos “The Simpsons” desde o início da série. A voz do médico, que atende Bart Simpson sempre que faz as suas patifarias e vai ter ao hospital, era dobrada há mais de 30 anos por Harry Shearer, mas vai alterar-se a partir dos próximos episódios da série que atualmente está na temporada 32. O motivo? A Fox quer um ator negro a dobrar a personagem devido à sua cor de pele. Será agora Kevin Michael Richardson que vai passar a interpretar o médico que trabalha no Hospital de Springfield, informa o portal dedicado à séries TVLine.
https://www.youtube.com/watch?v=MtJ2tsmn4ks&ab_channel=JackF
E não é o único exemplo. Várias produções de séries animadas têm sido criticadas pela falta de representatividade, dado escolherem atores brancos para dobrarem personagens pertencentes a outras etnias. Em Portugal, recentemente, uma petição com mais de 17 mil signatários foi entregue à Disney, devido à escolha de um dobrador branco que interpreta o protagonista, que é negro, do filme de animação “Soul”.
Petição por nova versão de “Soul” entregue com 17.512 assinaturas sem resposta da Disney
Mesmo na série criada por Matt Groening já houve personagens que deixaram de ser dobradas por atores brancos. Aliás, em junho de 2020, os produtores da série de animação “The Simpsons” anunciaram que personagens de outras etnias vão deixar de ser dobradas por atores brancos. Hank Azaria deixou mesmo de emprestar voz ao indiano Apu Nahasapeemapetilon — que também é acusada de perpetuar o racismo dos migrantes oriundos da Índia nos Estados Unidos. Igualmente Carl Carlson, um dos melhores amigos de Homer Simpson, passou a ser dobrado pelo ator negro Alex Desért.
Harry Shearer, que ganhou um Emmy pelo seu trabalho na série, revelou à Rádio The Times que tinha uma “simples crença sobre a representação”. “O trabalho de um ator é interpretar alguém que ele não é. Essa é a premissa, é a descrição do trabalho”. E teme que haja uma “fusão” entre as ideias de progresso social e o facto de “pessoas de todos os backgrounds possam decidir que história é que devem contar e com que conhecimento”.
“Não sou um dono de uma central nuclear que é rico como o malvado Mr. Burns, nem o vizinho cristão evangélico Ned Flanders. Não sou nenhuma dessas pessoas”, afirmou o ator que também empresta voz a estas personagens.