O Sporting continua invicto no Campeonato, continua com 10 pontos de distância para o FC Porto e continua sem derrotas contra os principais rivais esta temporada. O empate no Dragão — que ainda assim pode significar que o Sp. Braga encurte para nove pontos a distância para a liderança — confirmou que a equipa de Rúben Amorim é eficaz a defender, acima de tudo. E que é a partir daí que alavanca as exibições que ao longo da época acabaram por garantir o folgado primeiro lugar que ocupam nesta altura.

Na flash interview, Amorim lembrou precisamente a possibilidade de os leões perderem um ponto para o Sp. Braga, apontou baterias ao encontro da próxima jornada com o Santa Clara e explicou que o jogo foi disputado por “duas equipas diferentes, compactas, que defendem bem”. “O FC Porto com mais peso na frente, ao transportar a bola para o último terço. Nós temos de trabalhar mais a bola desde trás. Temos de jogar de forma diferente. Foi um jogo bem disputado, às vezes não tão bem jogado… Mas parabéns aos meus jogadores, que deram tudo. Tentámos depois do intervalo sair a jogar, levar a bola para a frente e tivemos no final uma grande oportunidade do Matheus. O resultado acaba por ser justo. Foi um jogo batalhado, o FC Porto teve mais oportunidades, mas o resultado e justo”, disse o treinador leonino, que este sábado igualou o recorde de invencibilidade no Campeonato que vigorava no Sporting desde 1981/82, há quase 40 anos, com Malcolm Allison.

Palhinha passou ao lado do castigo e do histórico para voltar a ser um caso sério no clássico do Dragão

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Amorim também detalhou as alterações que foi fazendo ao longo da partida, sublinhando principalmente a entrada positiva de Matheus Nunes, o primeiro a ser lançado nos leões. “Sabemos que o Matheus é muito forte a carregar a bola, algo que não estávamos a conseguir. Até aí o FC Porto tapou bem a profundidade, nós tentámos entre linhas. A ideia foi fechar o lado esquerdo do Sporting. Depois surge a grande oportunidade, com a capacidade do Matheus de chegar à baliza. O Tabata esteve bem, o João Mário fez um excelente jogo. Foi uma exibição adulta, de miúdos, alguns deles juniores. Foi um bom jogo deles”, acrescentou, defendendo depois que a fraca intensidade da partida “tem a ver com o facto de as equipas se conhecerem bem”.

“O público também acelera o jogo e sem público é diferente. Vamos esperar pelo público, de certeza que tudo vai melhorar. O Sporting está de parabéns, os rapazes estiveram muito bem e agora é pensar no Santa Clara, que será muito difícil”, atirou Amorim, que desenhou aquela que é já a melhor defesa da história dos leões, com apenas 10 golos sofridos no fim da 21.ª jornada. Há cinco anos que o clube de Alvalade não somava qualquer derrota em quatro jogos contra o FC Porto e o Benfica e há 51 (!) anos que não passava seis partidas consecutivas contra dragões, encarnados e Sp. Braga sem perder.

Mais tarde, na conferência de imprensa, o treinador leonino voltou a recusar a candidatura declarada ao título. “Não há facilitismos. Não vamos para o jogo a pensar que se perdermos ficamos com sete pontos de avanço, algo que era impensável para todos. Todas estas dificuldades de que falei no nosso jogo, sinto-as em todos os jogos. Não assumo a candidatura [ao título]. Quando faltar um jogo, quando estivermos a três pontos, assumo a candidatura. Até lá, temos o nosso caminho para fazer”, atirou, garantindo depois que terá toda a responsabilidade se o Sporting perder o título até ao final da temporada. “O futebol tem dessas coisas. Há treinadores que são competentes e perdem vantagens e perdem títulos, já aconteceu em Portugal. Os jogadores não teriam culpa de perder a vantagem. São muito novos, dão tudo o que têm. A responsabilidade seria do treinador”, terminou.

Rúben Amorim comentou ainda a exibição de João Palhinha — que foi eleito o melhor jogador da partida mas que há alguns anos, antes de ser emprestado ao Sp. Braga e ainda com Jorge Jesus, foi muito criticado depois de um jogo particular contra o FC Porto. “É o guião da maturidade e a diferença de quatro anos. Não está relacionado com o treinador. Jorge Jesus utilizou o Palhinha de há quatro anos e eu uso o de agora. O Palhinha cresceu, sente que é muito importante. Digo ao Palhinha que é muito bom com e sem bola. Meto na cabeça do Palhinha que é muito bom e especial. É normal que tenha crescido. O Nuno Mendes também acabou muito cansado mas daqui a quatro anos será diferente”, detalhou, por fim, o técnico dos leões.