Auriol Dongmo teve uma noite de glória no final de janeiro, quando chegou ao meeting de Karslruhe, na Alemanha, e conseguiu no segundo lançamento o “quatro em um”: com a inesperada marca de 19,65, a atleta portuguesa que nasceu nos Camarões mas representa a Seleção desde outubro de 2019 bateu o recorde pessoal, o recorde nacional (que já lhe pertencia), o recorde da competição e o recorde do melhor registo do ano. Com isso, chegava a estes Europeus de Pista Coberta como um das duas atletas a passar os 19 metros em 2021. E como candidata.

Auriol Dongmo bate recorde nacional do lançamento do peso com a melhor marca do ano

20.ª classificada nos Mundiais de 2015 e 12.ª nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, a lançadora, que foi duas vezes campeã africana e ganhou mais duas medalhas de ouro nos Jogos de África entre 2011 e 2016, mudou-se para Portugal e foi tendo uma grande evolução nos seus registos. Para se ter uma ideia da evolução, bateu em janeiro de 2020 o recorde nacional com 18,02, chegou na prova seguinte aos 18,31, melhorou nos Campeonatos de Portugal de Pista Coberta para 18,37, atingiu em junho os 19,27 e alcançou nos Campeonatos de Portugal ao Ar Livre os 19,53, ganhando o seu primeiro título nacional e liderando o ranking mundial do ano. Agora, Auriol Dongmo tentava confirmar essas melhorias constantes que permitiram bater sete vezes o recorde nacional.

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Auriol Dongmo qualifica-se para a final do peso e é candidata às medalhas nos Europeus de pista coberta

Na qualificação, depois de um modesto 17,78 a abrir, fez 18,55 e conseguiu a qualificação direta para a final, com mais 15 centímetros do que os mínimos previstos para a fase decisiva. A alemã Christina Schwanitz, a outra lançadora que este ano superou a fasquia dos 19 metros (19,11), foi a melhor na qualificação com 18,86, seguindo-se a bielorrussa Aliona Dubitskaya (18,74, melhor registo do ano) e a espanhola María Belén Toimil (18,64, recorde pessoal e nacional). Em condições normais, sem Katharina Maisch e Klaudia Kardasz na final, só Sara Gambetta e Fanny Roos se poderiam na teoria intrometer numa final que tinha Dongmo e Schwanitz como principais figuras.

O início, esse, não foi promissor. Sara Gamebetta conseguiu o melhor registo com 18,30, Christina Schwanitz ficou com 18,21, Auriol Dongmo fez uma tentativa nula. Era mesmo só o aquecimento: Auriol Dongmo foi a primeira a passar a barreira dos 19 metros (19,21), Schwanitz chegou aos 18,71, Fanny Roos ficou então com a terceira posição (18,53). Até meio da final, Aliona Dubitskaya ganhou o lugar à sueca com 18,70 e a luso-camaronesa fez mais um lançamento acima dos 19 metros mas sem melhorar o registo que tinha (19,07). A história parecia escrita mas a quinta ronda trouxe uma emoção inesperada: Fanny Roos conseguiu bater o recorde nacional da Suécia com 19,29 mas Auriol Dongmo respondeu logo à letra, voltando ao primeiro lugar com 19,34. O último ensaio foi nulo mas a festa já tinha começado a ser feita. E o primeiro dia de finais começou da melhor forma para Portugal.