A certa altura no final do tempo regulamentar, numa bola perto da área do FC Porto no corredor central, Sérgio Oliveira rodou a cabeça mas as pernas já não responderam. Queria mas não conseguia. Ainda assim, e perante um desgaste que era transveral a toda a equipa, Sérgio Conceição preferiu trocar Uribe com Grujic e deixar o seu sub capitão em campo. Na teoria, parecia ser uma opção já a pensar num possível desempate por grandes penalidades; na prática, foi ainda melhor porque evitou esse cenário – a seis minutos do final, foi a terrenos mais adiantados, fez um túnel fantástico a McKennie, ganhou uma falta em posição central, tirou as medidas, percebeu que a barreira da Juventus ia levantar, rematou rasteiro e marcou. Um golo histórico, que valeu os quartos da Champions.

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Ao todo, o internacional português leva um total de 17 golos esta temporada, cinco apenas a contar para a Liga dos Campeões. Pela primeira vez, conseguiu marcar dois golos de bola parada num jogo, um de penálti e outro de livre direto. E passou a barreira dos 50 golos como sénior (51). Aquele que se estreou com apenas 17 anos pelos Dragões, e que era conhecido como “o menino dos 30 milhões” pelo valor da cláusula de rescisão quando renovou contrato. Mais de uma década depois, com vários empréstimos pelo meio, Sérgio Oliveira tornou-se um jogador de mão cheia, um prolongamento de Sérgio Conceição em campo e uma extensão do ADN FC Porto de Pepe.

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“Estou feliz por marcar aqui dois golos e muito feliz principalmente pela nossa passagem aos quartos de final. Acho que é motivo de orgulho para nós, clube, que já merecíamos, e também para o nosso país. Depois da expulsão tivemos que sofrer. Linhas baixas muitas vezes, a maior parte do jogo, mas quisemos sempre fazer o golo. Tivemos essa vontade, esse discernimento, acabou por surgir e estamos imensamente felizes”, começou por referir o médio na zona de entrevistas rápidas da TVI após o encontro onde terminou como MVP pelos golos decisivos.

“O que foi dito na roda final? Isso fica entre nós. Este clube tem este hábito, temos de guardar as melhores coisas para nós, porque há quem não goste de nós, mas há muita gente que gosta de nós e acho que temos de estar orgulhosos pelo que fizemos hoje. As nossas palavras ficam para nós. Queria acima de tudo dedicar esta vitória aos nossos adeptos. Quartos? Não, agora temos o P. Ferreira que é mais importante, depois vemos”, acrescentou.

De referir que, numa das imagens mais fortes após o encontro, as câmaras televisivas apanharam no meio dos festejos Taremi, em lágrimas, agarrado a Sérgio Oliveira. Num erro infantil, o iraniano podia ter deitado tudo a perder mas uma exibição coletiva monstruosa e a inspiração do médio a visar a baliza da Juventus acabaram por dar a histórica passagem dos azuis e brancos aos quartos da Champions. E o médio abraçou o colega.