“Quem sabe não nascerá daqui o próximo unicórnio português”. Foi com esta frase que o secretário de Estado para a Transição Digital, André de Aragão Azevedo, terminou a sua participação no arranque do Acelerador 5G – Programa de Inovação Colaborativa, uma iniciativa da NOS e da Amazon Web Services (AWS), com o apoio da Startup Lisboa. Contudo, antes deixou uma novidade: “Estamos em condições de dar início ao processo legislativo formal que conduzirá em breve à aprovação do quadro legislativo que permitirá a criação em concreto de zonas livres tecnológicas (ZLT)“.

NOS e Amazon Web Services lançam acelerador para startups que queiram inovar no 5G

As ZLT são um plano do governo que não é novo. Em outubro, o primeiro-ministro António Costa chegou a prometer que estes “espaços de experimentação tecnológica”, como contava a TVI 24 e a Lusa, iam ter quadro legal até ao final de 2020. Contudo, apesar do atraso, Aragão Azevedo utilizou as palavras semelhantes às do líder do executivo para anunciar o avanço jurídico para uma “zona livre tecnológica, amiga da inovação, da experimentação, e da industrialização dos nossos produtos, serviços e empresas”.

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Ministro da Economia diz que zonas livres tecnológicas dependem “apenas” da vontade do Estado

Estas zonas vão permitir às empresas, em parceria com os municípios, testarem novas tecnologias em ambiente real sem tantos constrangimentos jurídicos, em particular com o 5G. “Numa área particularmente regulada como é a das telecomunicações nós queremos criar condições de testagem, de protatipagem, de teste”, explicou o político.

Matosinhos acolhe a primeira Zona Tecnológica Livre em Portugal

Em Portugal, Matosinhos foi o primeiro município a testar este conceito de ZLT. Em 2016 o Governo tinha introduzido a criação deste tipo de zonas no programa do Startup Portugal – Estratégia Nacional para o Empreendedorismo. No CEiiA, Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, têm sido testadas soluções em ambiente real nas áreas tecnológicas que incluem uma alteração de comportamentos, como por exemplo a utilização de veículos autónomos recorrendo ao 5G.

NOS tem 10 milhões de euros para startups que trabalhem com 5G

Aragão Azevedo escolheu o arranque do Acelerador 5G da NOS e da AWS, que contou também com declarações de líderes das duas empresas — João Ricardo Moreira e Miguel Alava, respetivamente — por ser um programa que tem como objetivo incentivar esta nova tecnologia de telecomunicações. A este projeto, que conta também com parte do fundo de 10 milhões de euros da NOS e da Armilar Ventures, podem concorrer startups nacionais ou estrangeiras que tenham operações em Portugal e que se baseiem num modelo de negócio que possa ser potenciado ou explorado pelo 5G.

O cronograma do Acelerador 5G. As candidaturas são até 11 de abril

Apesar de o leilão para as redes móveis 5G ainda estar a decorrer e contar com alguns percalços — atrasou-se devido à pandemia de Covid-19 e alguns operadores têm criticado a gestão do processo pela Anacom (a autoridade nacional para a regulação das telecomunicações) — Aragão de Azevedo deixou uma mensagem positiva. “Em breve teremos ofertas [5G] no mercado“, disse. Além disso, referiu: “O leilão está em curso e terminar com grande interesse por parte dos operadores”.

[Veja no vídeo abaixo o arranque do Acelerador 5G – Programa de Inovação Colaborativa]

Como explicaram os intervenientes do arranque deste programa de aceleração de startups, o 5G é visto como uma tecnologia que vai exponenciar o crescimento da “internet das coisas”. Ou seja, com redes 5G, não só aumentam as velocidades de transmissão de dados aumentam, como também o volume de dados enviados. Isto permitirá, teoricamente, que novos negócios possam contar com estas potencialidades para apresentar inovações no mercado.

Exemplo disso é a expetativa de que chamadas em tempo real com menos interrupções ou a tecnologia de realidade aumentada passem a ser bastante mais acessíveis e melhores do que são atualmente. Miguel Alava, diretor na Amazon Web Services, chega a comparar o atual momento com o potencial da internet no anos de 1990. “Quando olharmos para traz, vamos ver este momento com irónico”, referiu no arranque da apresentação.

As startups que participarem no Acelerador 5G – Programa de Inovação Colaborativa terão acesso a mentores da NOS e da AWS e aos serviços desta última empresa num valor que pode ir até 100 mil euros. O curso tem a duração de sete semanas, terá webinares e sessões de mentoria. No final do programa, a 30 de junho, o projeto vencedor receberá um prémio monetário de 7.500 euros e acesso direto à incubação na Startup Lisboa.