Pinto da Costa assumiu o comando do FC Porto em abril de 1982, foi à primeira final europeia pouco mais de dois anos depois numa derrota frente à Juventus na Taça dos Vencedores das Taças, conquistou daí para cá sete títulos internacionais no futebol, mais do que todas as restantes equipas portuguesas juntas, entre duas Taças dos Clubes Campeões Europeus/Liga dos Campeões, duas Taças UEFA/Liga Europa, uma Supertaça Europeia e duas Taças Intercontinentais. O conceito de grandes noites europeias é algo quase “normal” para o líder dos azuis e brancos. No entanto, e após a passagem aos quartos da Champions em Turim, percebeu-se que não era só mais um jogo.

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Após o apito final de um encontro que os portistas perderam por 3-2 no prolongamento mas levaram a melhor no conjunto das duas mãos pelos golos marcados fora, o presidente do FC Porto desceu ao relvado com mais alguns dirigentes como Vítor Baía, deu um emocionado abraço a Sérgio Conceição e foi cumprimentando depois todos os “heróis” numa partida disputada durante mais de uma hora com menos uma unidade por expulsão de Taremi. E levou ainda uma recordação, com o guarda-redes Marchesín, um dos melhores a par de Pepe e Sérgio Oliveira com várias intervenções decisivas, a dar a sua camisola ao número 1 do clube nesse momento.

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“A heroicidade sempre foi uma marca distinta da história do FC Porto. Foi com heróis que derrotámos o Arsenal em 1948, que vencemos o campeonato Calabote em 1959, que voltámos a ser campeões 19 anos depois, em 1978, que conquistámos sete troféus internacionais e muitos outros títulos de competições em que estávamos longe de ser apontados como favoritos. Nos últimos dias, por um motivo muito triste e por outro muito feliz, voltámos a ser confrontados com esta característica do clube de que tanto nos orgulhamos”, começou por realçar Pinto da Costa, no seu habitual artigo de opinião da revista Dragões conhecido esta quinta-feira.

“A 9 de março, em Turim, outros heróis construíram mais uma página notável no nosso percurso europeu. A eliminação da Juventus só foi possível porque a nossa equipa técnica e os nossos jogadores souberam transportar para o relvado o verdadeiro ADN do FC Porto. Nas circunstâncias mais adversas, mesmo a jogar em inferioridade numérica durante quase 80 minutos, as capacidades de luta, de superação, e de transformar fraquezas aparentes em forças reais voltaram a dar frutos, como foi reconhecido um pouco por toda a Europa, menos em algumas redações mais aziadas da comunicação social de Lisboa”, enalteceu a propósito do encontro em Turim que valeu a primeira passagem frente aos bianconeri, antes de recordar outra grande figura dos dragões.

“A 26 de fevereiro, despedimo-nos do nosso querido Alfredo Quintana, um homem e atleta extraordinário, que partiu na flor da vida, aos 32 anos de idade. O Quintana foi um verdadeiro herói do FC Porto. Vindo de Cuba em 2011, não demorou a adotar a cidade do Porto e o clube que o recebeu e que nunca quis deixar, apesar das propostas muito vantajosas que recebeu, como pátrias do coração. A atitude dedicada e competente com que serviu o FC Porto até ao último dia da sua curta vida é um dos seus mais legados desportivos e terá de servir como inspiração para todos os que por cá continuarão a construir uma história que é eterna”, recordou o presidente dos azuis e brancos, concluindo: “Estes dois acontecimentos, um tão trágico e outro tão brilhante, voltaram a confrontar-nos com o essencial da nossa existência. Tão depressa estamos cá como não estamos, tão depressa podemos estar em baixo como em cima. Quase tudo é breve e provisório. Infinito, só o FC Porto”.

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