As forças policiais e militares da Venezuela terão assassinado, pelo menos, 2.853 pessoas no ano passado. A denúncia é feita pela ONG Programa Venezolano de Educación-Acción en Derechos Humanos (Provea), que compila e divulga dados sobre a violência policial no país e se foca nas “execuções extrajudiciais” — aquelas em que as autoridades “fazem justiça pelas próprias mãos”.

Num relatório citado pelo El Español, a ONG identifica a Policía Nacional Bolivariana (PNB) como a responsável pelo maior número de mortes (672, o que representa 23,55% do total). A PNB inclui as Fuerzas de Acciones Especiales (FAES) — cuja extinção já tinha sido pedida pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Já o Cuerpo de Investigaciones Científicas Penales y Criminalísticas (CICPC) terá assassinado 593 pessoas (17,52% do total). Entre as forças policiais responsáveis pelas mortes denunciadas pela ONG estão ainda as polícias autónomas de cada Estado, que terão sido, ao todo, responsáveis por 721 execuções.

A ONG dá conta da existência de “falsos confrontos”, que descreve como “uma encenação da cena do crime, onde as autoridades apresentam os factos como se as vítimas tivessem usado armas contra polícias e militares”. As autoridades “agem com total liberdade, por terem a certeza de que a sua conduta não será investigada nem punida e porque contam com o apoio de governadores, ministros e outras altas figuras da gestão pública”, aponta.

Estas situações são, segundo a Provea, mais comuns nos bairros pobres da Venezuela. “A maioria das vítimas” foram jovens entre os 18 e os 30 anos, “o que indica um padrão de discriminação que coloca em risco a vida dos jovens”. Esse “padrão”, aliado à “exclusão” destas faixas etárias de “direitos como educação e trabalho”, são responsáveis pela “crescente migração forçada de jovens à procura de proteção noutros Estados“.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR