O comentador da SIC, Luís Marques Mendes, considerou este domingo que o primeiro-ministro, António Costa, na entrevista que deu ao DN/JN/TSF, se esqueceu de deixar uma mensagem aos mais novos e à classe média e que se limitou a colar o PSD ao Chega, para ficar com o centro que concentra mais votos, e a tentar recuperar a gerigonça para conseguir aprovar o Orçamento do Estado.
“Faltou uma ideia para o Governo”, disse. “Faltou um objetivo, uma causa, sobretudo nesta fase em que temos que recuperar a economia”, sustentou, depois de considerar que a entrevista só teve dois objetivos claros. Primeiro: “tentar refazer a geringonça para aprovar o Orçamento do Estado” e por isso, “distribui charme e simpatia pelo BE e PCP”, num registo diferente das últimas entrevistas que deu. Segundo, disse, “encostar o PSD ao Chega para consolidar o Centro”. “Daí os ataques violentos ao PSD”, que Marques Mendes considera “deselegantes”.
Covid-19. Costa diz que Portugal está em “fase de viragem” e afasta cenários de crise
Ainda nas críticas a Costa, Marques Mendes considerou também ser já tempo de ele se manifestar em relação ao caso Sócrates, que do seu ponto de vista já deixou de ser um caso de Justiça para passar a ser um caso político — pelo menos desde que “já se sabe” que vivia acima das possibilidades, dependente de um amigo, com rendimentos que não eram declarados e com comportamentos suspeitos, “como aliás”, o próprio Medina (presidente da Câmara de Lisboa), também já o afirmou.
“Perante um comportamento político, o partido deve tomar posição. É igual se fosse o PSD”, disse.
Cravinho sobre Sócrates: “A visão política dele era de não combate à corrupção”
O tom das críticas ao PS já vinha antes, quando Marques Mendes criticou a reação da deputada Constança Urbano de Sousa à entrevista do histórico do PS, João Cravinho, que concluiu que não interessava a Sócrates avançar com o pacote anticorrupção por ele desenhado. O comentador considerou mesmo que o comentário da deputada roçou a “má educação”. “Se a deputada não percebe isto, não percebe nada”, disse, lembrando que já todos sabiam que não interessava a Sócrates esse combate.
PS responde a João Cravinho sobre corrupção: “Deve estar com a memória um pouco afetada”
Lei de emergência sanitária já devia estar feita
O comentador da SIC, Luís Marques Mendes, no seu comentário habitual de domingo, começou porém por falar na pandemia, defendendo uma lei de emergência sanitária, considerando que o estado de calamidade em que o país agora se encontra não é adequado, mas que também o estado de emergência não se devia ter estendido durante tanto tempo. “Acho que devia ter sido feita antes”, disse.
“Não devíamos ter estado tanto tempo no estado de emergência e não devíamos estar agora na calamidade”, prosseguiu, lembrando que o estado de calamidade corresponde a um estado catástrofe previsto para casos de incêndios, ou inundações, por exemplo, e não em casos de pandemia. Uma ideia já defendida pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, embora este tenha considerado não ser a altura certa para legislar sobre o assunto.
Marques Mendes aproveitou também para elogiar o país quanto ao controlo da pandemia. “Passámos de um pântano para o oásis”, referiu, colocando Portugal como um dos melhores países da Europa em termos de casos de infeção, o que é benéfico para o país. “Na próxima semana no Porto vai haver uma cimeira com vários lideres europeus no âmbito da presidência portuguesa, e seria virtual se assim não fosse, o que lhe tiraria o impacto”, lembrou, salientando a ajuda que o evento dá à imagem externa de Portugal
Vacinas da Janssen deviam ser postas à disposição dos mais novos
Da mesma forma positiva, Marques Mendes olhou para o processo de vacinação. “As coisas agora estão a correr muito bem”, disse. Embora, salientou, as restrições das vacinas da AstraZenaca e da Janssen, segundo as suas contas, façam com que cerca de 7 milhões de vacinas adquiridas fiquem por gastar. “Assim vamos ter um atraso na vacinação de pelo menos um mês”, antevê. Quanto à AstraZeneca, as autoridades de saúde esperam mais conclusões da EMA, mas a Janssen (que é administradas sem restrições nos Estados Unidos), podia, do seu ponto de vista, ser colocada à disposição de quem tem entre 30 a 40 anos, de forma voluntária, para não atrasar o processo de vacinação. Tem é que se promover uma forma de esta faixa etária o poder fazer.
Recorde-se que, como o próprio Marques Mendes lembrou, a própria Direção Geral da Saúde já permite que abaixo dos 50 anos, quem quiser tomar voluntariamente esta vacina pode fazê-lo. Tem é que dar o seu consentimento.