Uns corriam para um lado, outros corriam para outro, João Matos tirou alguns segundos só para si antes de dar início à festa. Apenas em três anos, o Sporting sagrou-se duas vezes campeão europeu de futsal, ganhando por 4-3 ao Barcelona naquela que foi a quarta final apenas em cinco temporadas – quando antes conseguira somente uma ao longo de uma década e meia. “Em cinco dias, ganhámos ao campeão russo, ao campeão espanhol e ao campeão europeu. Será que existe mesmo noção do que foi feito aqui?”, questionou o técnico Nuno Dias.

A sorte protege os audazes: Sporting vence Barcelona com reviravolta épica na segunda parte e é de novo campeão europeu de futsal

Com a campanha nesta Final Eight em Zadar, na Croácia, o Sporting tornou-se a equipa portuguesa com mais triunfos na Liga dos Campeões, a terceira na Europa com mais finais da competição (cinco, apenas superado pelas oito do Inter FS e pelas seis do Dínamo Moscovo) e a terceira com mais títulos a par de Kairat Almaty e Playas de Castellón (dois, atrás dos cinco do Inter FS e dos três do Barcelona). Em paralelo, Portugal tornou-se o segundo país com mais títulos europeus a par da Rússia (Benfica em 2010, Sporting em 2019 e 2021), atrás da dominadora Espanha (cinco do Inter FS, três do Barcelona e dois do Playas de Castellón).

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“Esta equipa merece muito mais respeito por parte de tudo e todos do que o que foi demonstrado. Depois, ao falarem em jogadores formados no clube, e que foram importantes e decisivos, quero deixar um agradecimento especial a todos os treinadores da formação. Todos, até os que passaram antes que tiveram responsabilidade na formação dos que estiveram aqui. Por isso chegaram aqui preparados para fazer um excelente trabalho. O meu sentimento é de orgulho enorme. Quando quiserem falar em equipa, olhem para este grupo que veio à Croácia e está aí a definição de um verdadeiro grupo, do que é compromisso e do que são os comportamentos de um grupo para conseguir êxitos coletivos. Nunca estive num grupo assim. Por último, não sei se o mundo do futsal, em Portugal mais propriamente, se faz ideia do feito que o Sporting alcançou hoje. Deixo no ar”, começou por dizer Nuno Dias na conferência de imprensa após o jogo, falando dos triunfos com KPRF, Inter FS e Barcelona.

“O que falámos ao intervalo? Ao intervalo senti que equipa estava demasiado ansiosa em alguns momentos e isso toldou-nos o raciocínio, estávamos a a ser demasiado emocionais. Se calhar também eu e a equipa técnica. Na segunda parte corrigimos esse aspeto e melhorámos, para não ter medo de jogar nem de assumir o jogo. A saber que um golo nos colocava novamente no jogo e ter confiança na nossa qualidade. Corrigimos uma ou outra situação das subidas do Guitta, outra de estratégia. Uma até deu golo, do Erick, de cabeça”, prosseguiu, antes de deixar ainda dois desejos em relação às eleições individuais no final de temporada: “Mesmo a perder 2-0 senti-me tranquilo, senti uma boa resposta da equipa e era essa a melhor forma de ajudar. Felizmente correu bem, houve a reviravolta. Já não consigo ter grandes adjetivos para elogiar estes jogadores. Espero que o Merlim seja considerado o melhor jogador do mundo e que o Guitta seja o melhor guarda-redes do mundo”.

Também João Matos, capitão do Sporting, destacou a reação da equipa aos dois golos de desvantagem, ao passo que Zicky Té, o mais novo da equipa, recordou que estava apenas na bancada há dois anos no primeiro título.

“É indescritível. É um momento único. Numa final perante uma equipa poderosa, estar a perder por 2-0… Superámo-nos de uma forma tremenda na segunda parte. Passámos para a frente, demos as mãos, estivemos unidos, que é o que caracteriza este Sporting. Foi uma prova de superação e o Sporting é realmente a melhor equipa da Europa. O espírito, a alma, a crença, a ambição e a fome e irreverência destes jovens ajuda muito. Foi o que disse, uma prova de superação. Fomos gigantes, soubemos sofrer, defender. Tivemos a sorte mas a sorte procura-se e trabalha-se. Fomos uma verdadeira equipa e quando o somos o talento não chega para nos ganhar. Só o talento não supera a união de 16 bravos leões”, salientou o capitão do conjunto verde e branco.

“Desde o primeiro dia que sabíamos que queríamos vencer. Estivemos a perder, fizemos um reset e puxámos pelo espírito e união da equipa, lutámos como irmãos para chegar a este resultado. Em 2019 lembro-me de o Sporting ter ganho e eu estava na bancada, era júnior. Foi uma alegria tremenda, poder agora conquistar é uma emoção muito grande que não consigo descrever. O Sporting sempre me ajudou, deu-me todas as condições desde a formação e trabalhámos para chegar a este nível com uma grande vontade de ganhar, para chegar aqui e corresponder às expectativas que foram criadas”, destacou o jovem internacional de 19 anos.