A Pasogal, que detém 50,1% das ações da empresa de “handling” da Groundforce, contratou o Banco Nomura para assessorar a empresa no processo de venda da participação, segundo anunciou o principal acionista da Pasogal, Alfredo Casimiro, num comunicado emitido este sábado, onde pediu “especial atenção” ao possível negócio com Aviapartner.

“Dei instruções para que seja dada especial atenção à Aviapartner, empresa belga que beneficiou recentemente de um relevante apoio económico e financeiro do Estado belga, no âmbito das ajudas extraordinárias ao setor da aviação, com vista a minorar as consequências da crise pandémica”, diz no comunicado.

Por via desse apoio, adianta, a Aviapartner “estará melhor capitalizada e em melhores condições para garantir” a viabilidade futura da Groundforce e a manutenção dos postos de trabalho. “Não posso deixar, no entanto, de manifestar a minha perplexidade e consternação pela diferença de tratamento que o mesmo problema mereceu por parte dos governos dos dois países: enquanto a Bélgica apoiou as suas empresas, em Portugal a Groundforce viu chumbados todos os pedidos de auxílio que dirigiu a várias entidades, tendo o próprio Estado liderado esse veto, mesmo reconhecendo estar em causa a única empresa do Grupo TAP que deu lucro nos últimos anos”, acrescentou.

O presidente do conselho de administração da Pasogal salienta que, como empresário português, “esta hostilidade e perseguição ainda se torna mais chocante” quando diz ver os potenciais compradores da participação da Pasogal na Groundforce “a terem liquidez para o fazer, precisamente por beneficiarem de apoio do seu Estado e do seu Governo, apoio esse que neste contexto tão particular sempre” lhe faltou.

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No final de abril, o Conselho de Administração da Groundforce aprovou a anulação do contrato com a TAP, que tinha permitido à empresa encaixar cerca de sete milhões de euros com a venda de ativos, alegando que o contrato, conforme está estruturado, inviabiliza a operação da empresa. O CA da Groundforce é composto por três administradores nomeados pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, e dois pela TAP (acionista minoritário).

Com o acordo, celebrado em 19 de março, a TAP comprou os equipamentos da Groundforce por cerca de sete milhões de euros, uma solução de curto prazo, que permitiu resolver os problemas mais urgentes da empresa, como pagar os salários de fevereiro e março em atraso aos 2.400 trabalhadores, enquanto não existe uma solução para as restantes verbas de que necessita, para fazer face aos prejuízos causados pela pandemia.

Este acordo, que prevê também que a Groundforce pague 461.762 euros mensais à TAP pelo aluguer dos equipamentos que necessita para a operação e que a companhia lhe comprou, foi alcançado com os votos favoráveis dos dois administradores da Groundforce nomeados pela TAP, a que se juntou o presidente executivo da empresa de ‘handling’, Paulo Neto Leite, que entretanto, em 05 de abril, foi destituído do cargo de CEO e substituído no cargo por Alfredo Casimiro, mas que se manteve como administrador não executivo.

Por seu lado, o presidente da Pasogal, Alfredo Casimiro, absteve-se e o outro administrador nomeado pela Pasogal, Gonçalo Carvalho, votou contra o acordo para desbloquear provisoriamente o impasse na empresa.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.