“O João vai deixar a nossa equipa no final do ano. O seu agente tem mostrado relativamente pouco respeito nas negociações. Já me disse várias vezes ‘Patrick, juro pelos meus filhos’. Sou alérgico a esse tipo de declarações. Se isso vai mexer com o Giro? Não vai determinar as nossas escolhas táticas, isso vão ser as pernas. Para mim não me importa se ganho com um português ou com um belga. O João Almeida é o líder, o Remco Evenepoel tem papel livre mas se o Remco for o mais forte e o João não fizer o que esperamos podemos trocar e vice-versa.”
Enquanto João Almeida fazia o seu contrarrelógio em Turim, o Het Nieuwsblad dava destaque às palavras de Patrick Lefevere, diretor desportivo da Deceuninck-Quick Step, assumindo a saída do português (tudo aponta que seja para a Bora, que deverá também apostar em Jai Hindley que no ano passado foi segundo no Giro) numa notícia que acabou por marcar o dia de arranque do Giro de 2021. E, mesmo assumindo que essa opção não iria ter um peso relevante nas opções da equipa para esta Volta a Itália, foi percetível o incómodo pela saída do português. Pelo menos, nas palavras. Nos atos, nada mudou. E o quarto lugar no contrarrelógio de 8,6km ganho quase de forma inevitável por Filippo Ganna foi muito elogiado pelas contas da equipa nas redes sociais, quase passando ao lado do regresso de Evenepoel que tinha sido acompanhado ao pormenor antes do arranque.
According to @Gazzetta_it sources Jai Hindley – 2° in @giroditalia 2020, now with @TeamDSM – is likely to join @BORAhansgrohe in 2022. The same for @JooAlmeida98 . Remember that @petosagan is going to leave german team at the end of this season @cycling_podcast
— Ciro Scognamiglio (@cirogazzetta) May 9, 2021
“Foi bom voltar com um bom resultado. Estou super feliz por ter feito um bom tempo em relação aos outros candidatos à geral. Vamos continuar. Liderança do Giro outra vez? Porque não? Tudo é possível e pode acontecer muita coisa. A equipa está numa boa posição e com uma equipa muito forte”, comentou no final da primeira etapa, visando aquilo que poderia ser mais um marco histórico: igualar os 16 dias com a camisola rosa que o transalpino Vincenzo Nibali. Para já, e noutro registo assinalável, o português levava um total de 22 etapas do Giro nos últimos sete meses sempre no top 30 das classificações das tiradas, algo que, pelas características da etapa deste domingo, que ligava Stupinigi (Nichelino) a Novara com 179km, colocava em risco pela chegada previsível ao sprint e com todos os principais candidatos preocupados apenas em chegar no pelotão.
Assim, e em condições normais, as vantagens de João Almeida e também Remco Evenepoel, que demorou apenas mais dois segundos no contrarrelógio do que o português, deveriam manter-se, nomeadamente os avanços ainda que curtos sobre Simon Yates (21 segundos), Hugh Carthy (21 segundos), Egan Bernal (22 segundos), Vincenzo Nibali (24 segundos) ou Mikel Landa (32 segundos), entre outros. Não foi totalmente assim. Aliás, a segunda etapa serviu mesmo para João Almeida perceber que os seus adversários podem estar na própria equipa.
No último ponto de bonificações, a Deceuninck Quick-Step trabalhou para Remco Evenepoel poder ganhar os três segundos, algo que não conseguiu com Filippo Ganna a reforçar posição com a camisola rosa mas que ainda assim fez com que o belga encostasse no português com os dois segundos conseguidos, o que nesta fase não faria grande sentido tendo em conta que poderia haver possibilidade de trabalhar para a bonificação do líder da equipa, visando uma tentativa de subida à liderança da geral antes de começarem as etapas de montanha. Em relação à segunda etapa, Tim Merlier foi o grande vencedor em Novara à frente de Nizzolo e Elia Vivianni, ao passo que na geral João Almeida desceu a quinto… com o mesmo tempo de Remco Evenepoel.
Em atualização