“Sérgio Conceição foi treinador do Nápoles apenas por 24 horas, pode dizer-se que por uma noite, até que de repente os cenários mudaram e Aurelio de Laurentiis se viu forçado a rever as suas ideias e a escolha”. A notícia foi avançada esta manhã pelo Corriere dello Sport, dando quase por encerradas as negociações entre as duas partes. O Observador sabe que as negociações atingiram um ponto de impasse, não por questões relacionadas com o contrato como é referido, e que caíram por completo esta terça-feira. Uma coisa é certa: o FC Porto, que de forma distante mas suficientemente próxima tem acompanhado o processo, ganhou uma nova esperança.
Ao contrário do que foi avançado pela mesma publicação na edição impressa, Aurelio de Laurentiis, presidente dos napolitanos, não telefonou a Sérgio Conceição por volta da meia-noite da madrugada de domingo para segunda-feira, na medida em que as conversas têm sido mantidas com um agente que está a representar o treinador. Aliás, o negócio caiu sem que ninguém do Nápoles tivesse falado diretamente com o português. E se é verdade que em causa estava um contrato de duas temporadas com um salário bruto de 5,5 milhões de euros por época, o grande obstáculo tem sido a ausência da Liga dos Campeões e o projeto para o próximo ciclo.
É completamente falso. O novo treinador do Nápoles já está encontrado e vamos anunciá-lo dentro de uma semana. O Jorge [Mendes] é um verdadeiro amigo. Tivemos várias conversas nos últimos três meses e ele propôs três ou quatro treinadores mas nunca começámos qualquer negociação. Nunca conversei com Sérgio Conceição”, disse Aurelio de Laurentiis ao Maisfutebol.
É nesse ponto também que esbarra outra possibilidade que tinha sido sondada na Serie A, a Lazio. O conjunto orientado por Simone Inzaghi ficou longe da Champions, vai à Liga Europa através do sexto lugar e sabe que não terá as armas para rivalizar com um Inter campeão, um AC Milan em crescendo, uma Atalanta cada vez mais consolidada nos lugares cimeiros, uma Roma que aposta forte com José Mourinho e uma Juventus que, com mais ou menos alterações, será candidata a ganhar todas as provas. A possibilidade de rumar a França, onde tem muito mercado depois da passagem pelo Nantes antes de rumar ao Dragão, entronca na mesma questão, numa altura em que Rudi Garcia vai deixar o Lyon depois de ter falhado a qualificação para a Liga dos Campeões.
Segundo o Corriere dello Sport, De Laurentiis virou-se já para outras alternativas: Luciano Spaletti, que esteve sempre na lista do Nápoles; Simone Inzaghi, que pode estar de saída da Lazio; e Christophe Galtier, francês que conseguiu um verdadeiro milagre em França ao quebrar a hegemonia do PSG e sagrar-se campeão pelo Lille. E esta seria uma nova porta que se poderia abrir para Sérgio Conceição, que antes teve uma abordagem de um clube francês que não está na Liga dos Campeões mas que tem um projeto que vai nesse sentido.
É neste contexto que está o FC Porto. Os dragões sempre tiveram como prioridade a continuidade do técnico, foram pensando em alternativas apenas para a possibilidade de se confirmar a saída de Sérgio Conceição e, nos últimos dias, foram falando com o treinador e pessoas próximas no sentido de fazer ver que a permanência nos azuis e brancos seria a melhor hipótese. Em termos internos, é assumido que a imagem do treinador ficou muito desgastada sobretudo no último ano e será um ponto a ter em conta caso renove. Da parte de Sérgio Conceição, nunca houve um fechar da porta aos dragões, que permitiram também que o técnico estivesse em três das últimas quatro temporadas na Liga dos Campeões (tendo chegado duas vezes aos quartos).
Pinto da Costa espera reunir em breve com Sérgio Conceição para materializar aquilo que foi sempre o grande desejo: renovar com o técnico que, de 2017 para cá, ganhou seis títulos pelo clube, incluindo dois Campeonatos. E, com o passar dos dias, existe cada vez mais esperança de que o treinador possa mesmo ficar nos dragões, até porque a hipótese de tirar um período sabático parece ter caído: quer continuar no ativo já na época 2021/22. Mais: da parte do clube azul e branco, percebeu-se também que, no atual contexto, seria muito complicado encontrar um sucessor que entroncasse na filosofia e no projeto desportivo dos últimos quatro anos, que sucedeu exatamente a um período de quatro anos em que o FC Porto não conquistou qualquer título, naquele que foi o maior jejum de sempre ao longo de quase quatro décadas de Pinto da Costa na presidência.