As faculdades de Medicina recusam criar mais vagas para cursos de Medicina além das cerca de 1.400 que anualmente existem, indica o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), segundo notícia do jornal Público. O organismo diz que não existem condições para mais alunos e argumentam que “não há falta de médicos em Portugal” e que formar mais clínicos seria condená-los “ao desemprego ou a terem que emigrar”.
O Governo planeia voltar a abrir a porta a que as vagas nestes cursos cresçam até 15% – mais de 200 alunos adicionais – e, embora o tema não tenha sido ainda oficialmente discutido (porque o ministério de Manuel Heitor ainda não publicou o despacho orientador), o CEMP avisa desde já que, como as condições associadas se preveem ser as mesmas, a resposta das faculdades de Medicina será negativa, tal como aconteceu no ano passado.
O presidente do organismo que agrupa todas as faculdades de Medicina, Henrique Cyrne Carvalho, diz que como “as condições se mantêm, a decisão também será no mesmo sentido”. O CEMP diz que o número de estudantes que as faculdades de Medicina recebem neste momento é “bem superior ao número de vagas” que os seus responsáveis entendem “adequadas”, sobretudo porque “o modelo de ensino tem que ser cada vez mais próximo” e o professor tem de ser, cada vez mais, “um tutor”.
Por outro lado, segundo Fausto Pinto, da Universidade de Lisboa, o ministro Manuel Heitor está a promover uma solução que visa “ter mão-de-obra mais barata” na Medicina, “proletarizando os médicos, para benefício de alguns grupos”.