O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Fernando Medina, respondeu esta terça-feira às críticas que lhe foram apontadas por não ter feito uma auditoria externa ao envio de dados de manifestantes para entidades exteriores — com particular gravidade no caso do envio de dados de manifestantes para a Rússia — e acusou Carlos Moedas de não ter propostas para Lisboa e, por isso, estar a privilegiar o “insulto pessoal”.
“Não me podem pedir as duas coisas ao mesmo tempo. Não me podem pedir para ser célere e rápido e pedir-me para fazer uma auditoria externa”, afirmou Fernando Medina no espaço de comentário semanal na TVI24. “Para contratarmos uma auditoria externa, depois das próximas eleições autárquicas, não haveria relatório”, frisou o presidente da CML, insistindo que assumiu a responsabilidade pela gravidade do caso.
“O responsável máximo de uma instituição vir admitir que houve transmissão indevida de dados em 58 casos não é de quem está a minorar o problema, não é de quem não assume com transparência o problema”, sublinhou.
Depois, Medina passou ao ataque ao seu principal adversário nas próximas eleições autárquicas, o candidato do PSD, Carlos Moedas, a quem acusa de “privilegiar o insulto pessoal”.
“A posição que Carlos Moedas tem tido em várias matérias tem sido uma posição de privilegiar o insulto pessoal, o ataque pessoal, na medida em que tem sido absolutamente incapaz de apresentar qualquer ideia com consistência para a cidade. Mas isso é mais um problema da campanha dele e um problema dele próprio do que meu”, atacou Medina.
O presidente da CML assume que a partilha de dados pessoais de manifestantes é “muito grave” e que as decisões que tomou após o caso ser divulgado pelo Observador e pelo Expresso — nomeadamente a extinção do gabinete de apoio à presidência e a gabinete de apoio à presidência — “resultaram da auditoria” interna.
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Questionado sobre se alguma vez pensou apresentar a demissão, Medina foi taxativo: “A minha demissão não resolveria problema nenhum (…) depois candidatava-me daqui a poucos meses à Câmara e o assunto tinha passado? Isso seria brincar com a situação. Seria um jogo de floreado político.”
Medina revelou ainda que ao contrário do que chegou a ser admitido por alguns órgãos de comunicação social, a exoneração do encarregado de proteção de dados, Luís Feliciano, não vai ser votada esta quarta-feira em reunião de Câmara. Sobre Feliciano, disse que não lhe atribuía toda a responsabilidade sobre o caso, e disse que “foi simplesmente a burocracia a funcionar”.
“Não imputo toda a responsabilidade à pessoa em causa [Luís Feliciano], que tem, aliás, um trabalho longo nesta matéria”, frisou Medina. “Este processo devia ter sido identificado e mapeado quando, na CML, se fez um amplo trabalho de recenseamento de todos os processos com dados pessoais. Este processo, por erro, não foi identificado como processo crítico, e era”, rematou.