A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou esta quarta-feira à Lusa que recebeu uma denúncia sobre a alegada adulteração de audiências televisivas, que foi remetida ao Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), “onde deu origem a um inquérito”.

O semanário Tal & Qual, que foi relançado este mês, noticia nesta quarta-feira “Guerra das audiências a ferro e fogo: ‘Share’ da televisão de Balsemão na mira das autoridades”. Contactada pela Lusa, fonte oficial da PGR confirmou a “receção da denúncia em referência, a qual foi remetida ao DIAP de Lisboa, onde deu origem a um inquérito”, sendo que “o mesmo encontra-se em investigação”. De acordo com o jornal, o DIAP está a investigar a alegada “adulteração de audiências televisivas a favor da SIC”.

A notícia dada pelo jornal, e em particular a sua reprodução pela TVI, suscitou um comunicado da SIC em que a estação qualifica de “absolutamente falsa, de má-fé e lesiva a acusação que o “Tal & Qual” e a TVI tentam fazer passar de concertação entre SIC e a empresa que mede as audiências para a CAEM — Comissão de Análise de Estudos de Meios, a GfK”. A SIC adianta não estar a par de qualquer investigação das autoridades e diz que não foi contactada nesse contexto. Acrescenta ainda que se reserva ao “direito de recorrer aos meios legais ao seu dispor para defender a sua reputação”.

A estação assinala que “tal como o resto do mercado, representado pela CAEM (que agrega anunciantes, agências e meios de comunicação social), exceto, aparentemente, a TVI, confiam no sistema de medição de audiências em vigor, algo que acontecia mesmo durante os anos em que a SIC não foi líder de audiências”. É uma referência à disputa pelas audiências entre as duas estações privadas que ganhou mais força com a entrada de Mário Ferreira no capital da TVI e a recontratação de Cristina Ferreira à rival SIC no verão passado. Ainda assim, a SIC tem mantido a liderança.

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Pouco depois deste comunicado, foi a vez da TVI a reagir à reação da SIC. “É completamente falsa e sem sentido a acusação feita pelo Grupo Impresa e SIC de que existiu má fé por parte da TVI” que se limitou a “noticiar uma investigação da PGR, confirmada oficialmente, como tantas vezes acontece em relação aos mais variados temas e assuntos”.

A estação de Queluz garante que não pretende “contribuir para transformar este tema numa fonte de atrito entre canais televisivos, criando um ruído artificial para desviar as atenções do que é realmente importante”. E sublinha que o que “está em causa é o apuramento da verdade e a assunção de eventuais responsabilidades, caso essas existam, manifestando o Grupo Media Capital e a TVI total disponibilidade para colaborar com as autoridades numa investigação séria, rigorosa e serena”.

A TVI afirma ainda que todos os principais players do setor do audiovisual e do meio televisivo nacional devem estar interessados na melhoria do sistema e dos mecanismos de regulação e medição das audiências em prol da transparência no setor. E diz que tem enviado à direção da CAEM as suas “reflexões crítica”.