Os trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) cumprem nesta sexta-feira um novo dia de greve, reivindicando melhores condições laborais, nomeadamente, o aumento dos salários, o que deverá causar perturbações na circulação de comboios. Até às 10h, estavam programados 440 comboios, tendo-se realizado apenas 339. Dos 101 suprimidos, 68 dizem respeito ao serviço regional, 18 de longo curso e 15 comboios urbanos do Porto. Nos comboios urbanos de Lisboa até esta hora, não houve supressões.
Num aviso enviado aos clientes, a CP — Comboios de Portugal informou que devido à greve estão previstas para esta sexta-feira perturbações na circulação de comboios, a nível nacional, em todos os serviços, com possível impacto ainda no sábado.
A plataforma de sindicatos que representam os trabalhadores da IP e das suas participadas (IP Engenharia, IP Património e IP Telecom) entregou um pré-aviso de greve com início às 00h00 e término às 24h00 dos dias 28 de junho e 2 de julho de 2021, depois dos colaboradores já terem parado em 2 de junho.
“Os trabalhadores da IP e das suas participadas não aceitam a discriminação praticada pelo Governo e aceite pela empresa que decide pelo aumento de salário para 308 dos seus 3.784 trabalhadores”, defendeu, em comunicado, a plataforma sindical.
As reivindicações em causa prendem-se com o aumento de salários para todos os trabalhadores, o cumprimento integral do clausulado do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), a negociação coletiva como “fator de resolução e prevenção de conflitos”, a atualização do valor do subsídio de refeição e a integração do abono de irregularidade de horário no conceito de retribuição.
Por outro lado, reclamam a atribuição de concessões de viagem na CP — Comboios de Portugal a todos os trabalhadores da IP e suas participadas, a aplicação integral do ACT em vigor na IP aos trabalhadores do quadro de pessoal transitório, a abrangência das deslocações e horas de viagem a todos os trabalhadores e o ajuste do subsídio de refeição nas ajudas de custo.
Os trabalhadores protestam também “contra a falta de produtos de limpeza e higiene e por melhores condições de higiene e segurança nas instalações sociais e nos locais de trabalho”.
“Não basta termos um ministro que tutela o setor ferroviário [Pedro Nuno Santos] a afirmar a realização de investimentos na ferrovia, “mas que se esquece dos trabalhadores das empresas do setor ferroviário”, vincou.
A plataforma que representa os trabalhadores da IP e das suas participadas é constituída pela Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF) e pelos sindicatos Nacional dos Transportes Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), Nacional Democrático da Ferrovia (SINDEFER), Independente dos trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA), Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), Nacional de Quadros Técnicos (SNAQ) e dos Transportes Ferroviários (STF).
Face à ausência de respostas do Governo e da administração após a greve do passado da 2 de junho, em que circularam apenas 25% dos comboios, conforme estipulados pelos serviços mínimos, as estruturas sindicais tinham já anunciado que iriam avançar para mais dois dias de paralisação na última semana de junho e na primeira de julho.
O Tribunal Arbitral não acedeu ao pedido da IP para que durante os dois dias de greve fosse assegurada 50% da atividade, reduzindo os serviços mínimos à segurança e manutenção.
Aos clientes que já tenham bilhetes adquiridos para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, InterRegional e Regional a CP permitirá o reembolso, no valor total do bilhete adquirido, ou a sua revalidação, sem custos, refere a empresa na nota aos clientes.