Luís Filipe Vieira e os restantes três arguidos detidos esta quarta-feira — o filho do presidente do Benfica, Tiago Vieira, e os empresários José Manuel dos Santos e Bruno Macedo — foram identificados pelo juiz Carlos Alexandre entre as 15h40 e as 16h07 depois de chegaram ao Tribunal Central de Instrução Criminal sob escolta policial.

Ao que o Observador apurou, o presidente do Benfica e outros três arguidos vão passar a segunda noite consecutiva nas celas da PSP de Moscavide.

Segundo Magalhães e Silva, advogado de Luís Filipe Vieira, as diligências irão continuar a partir das 9 horas desta sexta-feira. Os advogados dos quatro arguidos começaram a consultar uma parte dos autos do inquérito que foi disponibilizada pelo Ministério Público pouco antes das 16h30 e interromperam já depois das 22 horas.

À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, Magalhães e Silva diz que Vieira está “completamente de consciência tranquila” já que “não cometeu nenhum crime”, afirmando-se “inocente”.

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Já sobre o processo, Magalhães e Silva refere novamente que “a gravidade teórica existe efetivamente”, mas afirma que não teve “nenhuma inquietação” enquanto “leu os vários elementos processuais”, não descartando totalmente a hipótese de Vieira ficar em prisão preventiva dada a “gravidade teórica” dos crimes.

Sobre o facto de Vieira poder demitir-se da presidência do Sport Lisboa e Benfica, Magalhães e Silva não avançou com nenhuma informação, deixando para Luís Filipe Vieira alguma reação nesse ponto, garantindo apenas que o presidente do Benfica está “muito triste com toda a situação”.

Forte dispositivo policial à chegada de Vieira ao Tribunal

Luís Filipe Vieira chegou ao Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, às 14h30. Segundo o repórter João Filipe Cruz da Rádio Observador, que esteve no local, a chegada do presidente do Benfica foi “muito aparatosa” e foi acompanhada de um “forte dispositivo policial” com “agentes de quatro, cinco, seis motos” que seguiam a carrinha “descaracterizada com vidros esfumados”. As ruas que circulam o Tribunal Central de Instrução Criminal foram até temporariamente cortadas.

Também Paula Lourenço, que representa o arguido Bruno Macedo, já chegou ao Tribunal Central de Instrução Criminal, mas não prestou declarações aos jornalistas.

Luís Filipe Vieira já chegou ao Tribunal de Instrução Criminal

Os arguidos saíram às 14h14 do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa a caminho do tribunal aonde chegaram com grande aparato policial.

O motivo para o interrogatório começar apenas durante a parte da tarde esteve relacionado com a hora tardia a que as buscas terminaram na véspera e com o facto de a Autoridade Tributária ainda estar a preparar os elementos para o Ministério Público analisar e usar durante os interrogatórios, sabe o Observador.

Numa fase inicial do interrogatório, os quatro arguidos serão identificados, apresentando-se ao juiz. De seguida deverá proceder-se ao pedido das defesas para consultar os autos do processo que resultou nas detenções, decidindo o Ministério Público aquilo que permitirá às defesas consultar, dado que o inquérito está em segredo de justiça.

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Após este passo, é expectável que as defesas dos arguidos comuniquem ao juiz Carlos Alexandre se os mesmos pretendem prestar declarações ou não, já que os arguidos têm direito ao silêncio e podem recusar-se a falar. Se algum dos arguidos quiser falar iniciar-se-á o interrogatório, liderado por Carlos Alexandre, que colocará questões relativas aos dados da investigação.

Quer os arguidos se disponham a prestar declarações esta tarde quer no caso de se remeterem ao silêncio, o Ministério Público promoverá no final deste processo as medidas de coação. Estas poderão ir de cauções de valor elevado até à prisão preventiva. As defesas farão depois as suas alegações sobre as medidas de coação, pronunciando-se sobre elas, sendo que só depois o juiz tomará a decisão final.

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Caso os arguidos presentes ao juiz pretendam prestar declarações tornar-se-á automaticamente provável que este primeiro interrogatório que culminará na decisão das medidas de coação fique concluído já esta quinta-feira — se não ficar, as diligências continuarão no dia seguinte, sexta-feira, 9 de julho.

Já no caso de os quatro arguidos não pretenderem prestar declarações e remeterem-se ao silêncio torna-se menos improvável que o processo fique concluído esta quinta-feira com uma decisão do juiz Carlos Alexandre sobre as medidas de coação.

O presidente do Benfica Luís Filipe Vieira passou a última noite detido na esquadra da PSP de Moscavide. O dirigente desportivo foi constituído arguido por “negócios e financiamentos” superiores a “100 milhões de euros” que terão levado a “elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”. Sob investigação estão crimes alegadamente praticados desde 2014 e que passam por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento.