É um dos principais indícios reunidos contra Luís Filipe Vieira: o presidente do Benfica terá alegadamente desviado dos cofres do Benfica as verbas dos direitos económicos de três jogadores paraguaios em seu próprio benefício. Tudo com a alegada ajuda do agente de jogadores Bruno Macedo. A notícia foi avançada pela RTP e confirmada pelo Observador.

São  esses os indícios que estão na origem da imputação por abuso de confiança, fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e falsificação de documento ao presidente do Benfica.

Eis os três jogadores paraguaios envolvidos:

  • Derlis González veio do Rubio Ñu, passou pelo Guarani e pelo Olimpia do Paraguai, saiu para o Basileia, esteve cinco temporadas no Dínamo de Kiev com um empréstimo pelo Santos pelo meio, encontra-se hoje no Olimpia.
  • Cláudio Correa também veio do Rubio Ñu, foi cedido ao Sportivo Luqueño, voltou ao Rubio Ñu, saiu para o Sol de América, jogou no Guarani, no Aldosivi, nos paraguaios do Independiente e no Pelotas, e hoje muitos sites especializados de futebol nem sabem sequer se ainda joga futebol ou se entretanto se retirou com 28 anos (jogando, é no Rubio Ñu).
  • César Martins é brasileiro, chegou a ser opção inicial do Benfica e da equipa B, foi emprestado ao Flamengo, ao Nacional, ao V. Setúbal, ao Juventude, passou em definitivo para o Santa Clara e está hoje no Flamengo.

Os caminhos foram diferentes, com muitos empréstimos temporários e vendas a certa altura pelo caminho, mas os três jogadores têm um ponto em comum: de acordo com o Ministério Público, foram estes os elementos que serviram para um alegado desvio de fundos do Benfica por parte do presidente dos encarnados, Luís Filipe Vieira, com o agente Bruno Macedo. No total, foram 2,5 milhões de euros que deixaram de entrar na Luz.

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Segundo a investigação feita pelas autoridades, a Master International, de Bruno Macedo, terá sido utilizada para alocar as mais valias das vendas dos direitos económicos de Derlis González e Cláudio Correa entre 2015 e 2016 (tinham sido contratados em 2012), num montante de 1,28 milhões de euros. Já a sociedade Trade In terá servido para garantir os direitos económicos de César Martins, que pouco depois vendeu esses mesmos direitos ao Benfica por uma verba bem superior, num aumento de custos que retirou 1,3 milhões de euros ao clube.

Em paralelo, as autoridades apuraram que, entre 2015 e 2016, a Benfica SAD pagou 2,63 milhões de euros à Master International, ganhos que teriam sido acordados por Luís Filipe Vieira e Bruno Macedo para, em parte, poderem depois beneficiar as sociedades do grupo empresarial do presidente do Benfica.

Texto alterado às 00h30m de 8 de julho de 2021