O encontro estava nos últimos minutos, mesmo na parte final. Lionel Messi foi desmarcado na área e, só com o guarda-redes Ederson pela frente, voltou a não levar a melhor. Nem assim conseguiu marcar. Argentina, Messi e finais foram palavras que nunca rimaram mas, num contexto mais do que improvável, foi a seleção das pampas passou de organizadora do evento a vencedora na casa do maior rival histórico. E a Pulga sorriu, sorriu e sorriu, como nunca se tinha visto desde aqueles tempos ainda de miúdo em que se tornou campeão mundial Sub-20 e, no ano seguinte, se sagrou campeão olímpico. Andou pelo ar, foi abraçado e sorriu mais um pouco.

Numa final sempre disputada no limite, com algumas quezílias quase naturais pelo meio tratando-se de um Brasil-Argentina, um chapéu fantástico de Ángel Di María aos 22′ acabou por decidir a final da Copa América que consagrou também Lionel Messi como melhor jogador depois de ter estado envolvido nos 11 golos da equipa até chegar ao encontro decisivo. Já com Firmino e Gabriel Barbosa em campo, e sempre com Neymar a tentar dar o mote para a recuperação, os brasileiro tentaram de tudo no segundo tempo mas não evitaram aquele que ficou como outro Maracanazo, recordando a derrota com o Uruguai no Maracanã na final do Mundial de 1950.

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Em paralelo, e num dia de afirmação também para o selecionador Lionel Scaloni, o 10 de julho passa a ser mais uma data que junta Cristiano Ronaldo e Lionel Messi: se há cinco anos era o português que vibrava com aquela que foi a primeira grande vitória pela Seleção Nacional no Europeu de França, agora foi o argentino a cumprir nessa data o destino de ganhar pelo menos uma grande competição pela seleção principal. E foi por isso que tudo gerou também depois do encontro em torno do 10, com os companheiros a atirarem-no ao ar antes de longos abraços e um especial (e demorado) cumprimento do amigo Neymar depois de secar as lágrimas.

No dia em que ficou ainda mais confirmada a possibilidade de renovar nos próximos dias pelo Barcelona, Messi festejou a 15.ª vitória da Argentina na Copa América aos 34 anos, antes daquele que será, para ele e também para Ronaldo, o seu último Campeonato do Mundo. Mas, a partir de hoje, a sua principal maldição está quebrada. Tal como o português, o 10 tinha ganho tudo pelo Barcelona, em termos nacionais, europeus e mundiais, mas a forma como festejou este título, tal como Ronaldo festejou lesionado no banco, mostrou bem a sua importância.

Já depois da festa rija antes e depois da entrega das medalhas, com os jogadores argentinos a recordarem ainda a figura de Diego Maradona, que morreu há menos de um ano, dizendo que “Maradona é melhor que Pelé e que a Argentina foi melhor do que o Brasil no Maracanã”, o clima de euforia manteve-se no balneário após um triunfo que fugia há vários anos, também aqui tendo Lionel Messi como principal centro das celebrações.

“Para mim esta vitória não muda nada, o Messi continua a ser o melhor da história, como seria se não tivesse vencido. Nas meias-finais e na final jogou com um problema num tendão da coxa. Em nenhum momento podia prescindir de um jogador assim, mesmo em inferioridade. Se todos os argentinos soubessem a maneira como jogou esta Copa América, iriam gostar ainda mais dele, não tenho nenhum tipo de dúvidas. Temos de admirá-lo porque, em algum momento, já não estará no ativo e vamos arrepender-nos. Sinto uma alegria enorme e um grande orgulho por estes 28 guerreiros que vieram jogar a Copa América, que deixaram muitas coisas para jogá-la, e em condições muito difíceis, porque foi preciso estar em bolha, fechados”, destacou Lionel Scaloni.

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“Ainda não nos demos conta de que fomos campeões, daquilo que conseguimos. Mas acho que vai ser um jogo que vai entrar para a história, não só porque fomos campeões da América mas também porque vencemos o Brasil no país deles. Precisava de acabar com aquela sensação de não conseguir ganhar algo com a seleção. Estive perto algumas vezes mas sabia que algum dia iria acontecer e não há melhor momento do que este. É uma loucura, é inexplicável a forma como me sinto feliz. Em outros momentos tive de sair triste mas sabia que isto ia acontecer”, confidenciou no final Lionel Messi, o centro de todas as atenções também após o encontro.

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