Os Jogos Olímpicos de Tóquio arrancam oficialmente na sexta-feira, mas a três dias da cerimónia de abertura um dos responsáveis não afasta de forma clara a hipótese de um cancelamento de última hora devido à pandemia Covid-19 e aos casos, não só no Japão enquanto país, mas também na aldeia olímpica.

Numa conferência de imprensa realizada esta terça-feira, Toshiro Muto, presidente do Comité de Organização da olimpíada nipónica, disse que a atenção irá manter-se sobre o número de casos e na situação da pandemia, não descurando mais reuniões com outros organizadores, que neste caso são o governo japonês, o Comité Olímpico Internacional, o Comité Paralímpico Internacional e o Governo Metropolitano de Tóquio.

“Vamos continuar as discussões se houver um aumento de casos. Concordámos que, baseados na situação da pandemia, poderíamos reunir novamente. Nesta altura, os casos de coronavírus podem aumentar ou descer, pelo que vamos pensar na altura sobre o que iremos fazer“, disse Muto, um homem tido por ser cauteloso com as palavras, ainda para mais num momento em que a opinião pública japonesa não se mostra muito “simpática” perante a realização de tamanha competição desportiva no contexto atual. Competição essa que, além de já ter sido adiada um ano, será disputada sem público, como medida preventiva.

A contestação popular tem também muito a ver com a demora que o Japão demonstrou na vacinação em relação a outros países. O país já teve mais de 840 mil casos de Covid-19 e 15,055 mortes. Para piorar a situação, Tóquio teve uma espécie de pico, com 1387 casos esta terça-feira.

Siko Hashimoto, que preside juntamente com Toshiro Muto o Comité de Organização, admitiu, segundo a Reuters, que as medidas colocadas em prática para confortar os japoneses não tiveram esse efeito. Assim, a responsável percebe que o “amor” pelos Jogos tenha amainado no país, pedindo até desculpa pela situação: “Quero pedir desculpa do fundo do meu coração pela acumulação de frustrações e preocupações que o público tem sentido para com os Jogos Olímpicos”.

O realidade atual já prometia ser muito dura para uma competição desta magnitude e as coisas só tem piorado, com grandes patrocinadores a dizerem um claro não à cerimónia de abertura: Panasonic, Fujitsu e NEC Corp, por exemplo, não querem marcar presença. A Toyota, por seu lado, já tinha anunciado que vai deixar cair todos os anúncios televisivos que liga a gigante japonesa às olimpíadas.

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