Os trabalhadores da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP), reunidos esta quinta-feira em plenário, decidiram rejeitar a proposta de atualização salarial apresentada, tendo mandatado as organizações sindicais para discutir formas de luta.

“A maioria dos trabalhadores votaram contra essa revisão porque acham que é insuficiente”, revelou, no final do plenário, Mário Barros, coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da STCP.

De acordo com a CT, cerca de 400 trabalhadores estiveram esta quinta-feira reunidos em plenário, entre as 09:30 e 14:00, para discutir a situação social da empresa e a proposta de revisão salarial.

Em declarações à Lusa, aquele responsável explicou que a proposta apresentada pela administração da STCP, em linha com a Carris, iria ter um reflexo variável de acordo com a situação laboral de cada trabalhador.

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“Estamos a falar de um valor à volta dos 15 euros, mas que depois aplicada trabalhador a trabalhador poderia chegar aos 22, 23, 24 euros, mais coisa menos coisa. Era muito variável conforme a situação atual de cada trabalhador“, explicou.

Perante a recusa da proposta de revisão salarial, os trabalhadores mandataram as organizações sindicais para, em conjunto, decidir formas de luta “para exigir uma atualização mais vantajosa para os trabalhadores”.

Mário Barros salientou, contudo, que não foi decidido nada em concreto, nomeadamente quando à possibilidade de avançar com novas paralisações, pelo que considera prematuro falar sobre o tema.

À Lusa, o coordenador da CT referiu que “uma grande faixa” dos trabalhadores irá no próximo ano ficar abrangida pelo salário mínimo “caso se concretize o que foi anunciado pelo Governo, com o salário mínimo a atingir os 705 euros”.

Em janeiro, grande parte dos trabalhadores vão ser absorvidos pelo ordenado mínimo nacional. E estamos a falar mesmo de pessoal especializado, quer ao nível de oficinas, pessoal administrativo e mesmo ao nível dos motoristas”, disse.

A STCP garantiu ter assegurado as necessidades dos clientes na hora de ponta da manhã desta quinta-feira, dia em que o serviço é afetado por uma paragem de trabalhadores para plenário.

“A STCP conseguiu assegurar as necessidades dos seus clientes na deslocação casa-trabalho na denominada hora de ponta”, afirma a empresa, em resposta escrita a um pedido de esclarecimento da agência Lusa.

Pelas 09:30, “teve início a recolha quase total da frota de autocarros para os trabalhadores participarem no plenário geral”, convocado pela Comissão de Trabalhadores (CT).

Na terça-feira, o coordenador da CT, Mário Ramos, tinha já explicado à Lusa que o plenário pretendia informar os trabalhadores sobre a situação social da empresa que, tal como outros operadores, registou quebras de receita devido à pandemia de Covid-19.

A STCP aprovou, no dia 30 de junho, em assembleia-geral, as contas consolidadas de 2020, ano em que se registou uma diminuição “nunca antes vista” da procura, transportando menos 27,5 milhões de passageiros, tendo fechado as contas com um prejuízo de cerca de 12 milhões de euros.

Na mesma altura procedeu-se à eleição do novo Conselho de Administração, que passa a ter três membros, em vez de cinco, tendo sido reconduzindo Manuel Queiró como presidente executivo.

No plenário foi ainda feito um balanço do processo de intermunicipalização da STCP, cuja gestão é, desde o início do ano, assumida pelos municípios do Porto, Gaia, Gondomar, Matosinhos, Valongo e Maia.