O Sindicato dos Transportes Rodoviários Urbanos do Norte desvalorizou os incidentes que marcaram a greve de sexta-feira na Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), negando propósitos de impedir o trabalho de motoristas não aderentes à paralisação.
“Aconteceu só um acidente em que o motorista atirou o autocarro para cima de outro colega. O resto foi com a polícia, má compreensão da polícia. Houve alguma pressão por parte dos trabalhadores para entrarem nas instalações, até para usarem as instalações sanitárias, como sempre aconteceu em anteriores greves, e a polícia entendeu que aquilo era para não deixar o pessoal trabalhar”, relatou o dirigente sindical José Manuel Silva.
Questionado sobre se não seria mesmo esse o objetivo, o sindicalista respondeu: “Não. Os trabalhadores queriam as instalações abertas como sempre aconteceu noutras greves, para circularem lá dentro, irem à casa de banho, etc. Até porque os autocarros [guiados pelos não grevistas] foram saindo”. Os trabalhadores “assobiavam, mas os autocarros foram saindo”, insistiu.
A PSP informou ter sido chamada a intervir na sexta-feira em incidentes separados junto a duas estações de recolha da STCP, no Porto, envolvendo motoristas em greve que não quereriam deixar sair autocarros conduzidos por não aderentes à paralisação.
Os motoristas da STCP terminaram às 02:00 de hoje um período de 26 horas de greve em apoio de aumentos salariais e melhores condições de trabalho, com uma adesão que José Manuel Silva estimou em 80%.
“Como não há evolução nenhuma [quanto a contrapropostas patronais], mantêm-se os outros dias de greve constantes do pré-aviso, indicou o responsável sindical, aludindo aos dias 20, 26 e 27 deste mês.
José Manuel Silva disse que os trabalhadores rejeitam a última proposta da administração, que ofereceu um aumento de 15 euros no vencimento, mais atualizações de três euros, no subsídio de alimentação, e 14 cêntimos nas diuturnidades.
“Tendo em conta que um trabalhador entra com um vencimento de 685 euros, queremos pelo menos um aumento de 30 euros”, reivindicou.
A greve foi convocada pelo Sindicato dos Transportes Rodoviários Urbanos do Norte, apoiada numa resolução que quatro outros sindicatos da STCP “não querem aceitar” mas que, ainda assim, foi aprovada em plenário, segundo José Manuel Silva.